Coface muda comando da filial brasileira
Após quase dez anos, a CEO da Coface Brasil, Marcele Lemos,
vai deixar o cargo a partir deste mês. A executiva
aceitou uma nova função dentro da própria organização e passará a atuar a
partir de 1º de maio como a nova executiva-chefe de operações (COO, na sigla em
inglês) da regional da América do Norte do grupo de seguros global, que tem
sede na França. O nome que vai suceder Marcele no comando da filial brasileira
será anunciado nas próximas semanas, conforme a própria executiva em entrevista
ao Valor Econômico. “Vou acompanhar a operação e fazer a transição com a nova CEO até 15
de Abril, depois vou ter duas semanas de férias antes de assumir o novo cargo”,
conta.
A CEO da Coface Brasil também vai deixar a função de
diretora estratégica para América Latina, que acumulava com a chefia das
operações brasileiras. Quando assumiu a Coface em novembro de 2011, Marcele se
tornou a primeira mulher a comandar uma seguradora no Brasil. No período em que
esteve à frente da filial brasileira, a executiva consolidou a empresa como
líder do segmento de seguro de crédito no país, produto que protege empresas
contra inadimplência em operações de financiamento, como empréstimos, vendas a
prazo e exportações.
A Coface Brasil, segundo Marcele, representa hoje 35% do
total dos resultados da regional América Latina, que reúne sete países. Como
futura COO da regional América do Norte, a brasileira vai atuar como
braço-direto do CEO da subsidiária, Oscar Villalonga. “Os Estados Unidos hoje
são a segunda maior operação do grupo fora da Europa. Acho que depois de dez
anos fechei um ciclo na Coface Brasil e agora é um desafio em um novo patamar.”
Marcele explica que, na nova função, ficará voltada às
operações dos países da América do Norte, sem ter mais ligação direta com a
regional da América Latina. “Terei sete áreas sob a minha direção, como
marketing, comunicação, pesquisa econômica, tecnologia de negócios,
transformação e inovação”, diz.
A executiva acredita que as sucessivas crises no país
enfrentadas ao longo de seu período no comando da filial brasileira trouxeram
importante bagagem para ajudar na implementação do plano estratégico do grupo.
“A Coface não é só seguradora mas um grupo de empresas que também fornece
soluções financeiras e um de nossos objetivos é reforçar esse ‘blend’ da
companhia.”
Ao longo da década à frente da Coface Brasil, Marcele conta
que o pior momento aconteceu em 2015, no auge de uma das mais agudas recessões
da história do país. “A gente não esperava que seria um ano tão pesado, a sinistralidade
do setor foi em torno de 132% naquele momento. Mas já em 2016, mesmo com a
recessão ainda em andamento, conseguimos dar a volta por cima e reduzir nossa
taxa de sinistralidade para menos da metade, em torno de 62%, na época.”
No ano passado, a Coface global registrou receitas totais de
€ 1,45 bilhão, com queda de 2,4% ante 2019. O lucro líquido alcançou € 82,9
milhões no ano passado, com queda de 43,5% comparado ao período anterior,
devido aos impactos da covid-19, segundo o balanço publicado pela companhia.
SindsegSP TV
