Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
O BRASIL E OS SEGUROS - VAI OU NÃO VAI?
O Brasil não é para amadores. Quando parece que vai, volta; quando parece que volta, vai. 25 de Junho de 2021O Brasil não é para amadores. Quando parece que vai, volta; quando parece
que volta, vai. Das coisas mais difíceis que eu experimentei na vida foi
explicar o que é e como funciona a correção monetária para auditores alemães. Até
hoje tenho dúvidas se eles entenderam ou se só quase entenderam, mas acharam
mais fácil deixar para lá, entre outras coisas, porque não faria muita
diferença... exceto pelo detalhe de que o lucro no Brasil significava prejuízo
na Alemanha e vice-versa.
No final do ano passado, as previsões falavam de um 2021 extremamente
difícil, com crescimento baixo, desemprego alto e dificuldades para fechar as
contas. A maioria das projeções se mantém. O ano é difícil, o desemprego segue
alto, mas o crescimento de repente deu um a salto e tem quem fale em 5% até
dezembro. Nada mal, se não fosse pelo fato, também inesperado, da inflação mais
do que dobrar, estourando as metas do Banco Central e chegando a 8%.
Isso tudo em meio a falta de planejamento, falta de rumo, falta de
diretrizes claras sobre o que quer que seja, com a pandemia ainda fora de
controle e junho ultrapassando todos os meses anteriores no número de doentes
com covid19. Alemão não entender a correção monetária é ficha perto do que um
estrangeiro está vivendo neste momento.
Nenhuma das reformas que deveriam ter sido implementadas andou. Tirando a
Reforma da Previdência, que foi herança do Governo Temer, está tudo parado, com
desenhos que parecem mais uma colcha feita com retalhos de diferentes materiais
do que ações minimamente planejadas e tocadas para apresentar resultados
positivos.
Até aqui o quadro foi pintado por seres humanos, nossos políticos, que
visam mais seus interesses do que os interesses da pátria, haja vista no que se
transformou a Medida Provisória da privatização da Eletrobrás. O problema é que
fatores fora do controle humano decidiram agravar o quadro e uma crise hídrica
de grandes proporções ameaça o Brasil, inclusive levando o governo a autorizar
o funcionamento de usinas a carvão e a gás, muito mais caras do que as matrizes
convencionais, além de estudar medidas para enfrentar um eventual racionamento
de energia.
Mas seus desdobramentos vão além. O Banco Central está incluindo nas
contas para definir a taxa Selic o custo do aumento da energia e o aumento do
custo dos alimentos provocado pela estiagem.
Quando o mar parecia de almirante e o céu de brigadeiro, entra vento de
sul e as coisas que já estavam complicadas ficam mais complicadas, com a
agravante de que não há ação de curto prazo capaz de reverter o cenário, com
potencial para comprometer o crescimento de 5% ao longo de 2021.
Os números do setor de seguros até agora estão positivos e nos últimos
meses vieram melhorando consistentemente. Na base da retomada de resultados
mais parrudos estão produtos como a previdência complementar aberta,
responsável por boa parte das boas novas.
Mas não é só ela que tem peso na última linha. Os seguros rurais, de
crédito e garantias também apresentam crescimento substancioso. E os seguros de
pessoas, dentro das limitações decorrentes do desemprego, mostram aumento na
demanda.
Independentemente da situação geral do país se deteriorar - o que é pouco
provável -, o setor de seguros, pelas suas características, já está com o ano
mais ou menos garantido e o resultado, sem ser o melhor da história, tem tudo
para ser bom.
Isto não significa que todas as seguradoras ganharão dinheiro. Dependendo
do peso de cada ramo no mix da companhia, existem seguradoras que podem
apresentar resultados não tão bons. Ninguém espera uma eventual crise
sistêmica, mas as disparidades que vem sendo observadas podem se acentuar e ter
como consequência desempenhos bastante diferentes entre as diversas companhias
do mercado.
Como se proteger num momento como este? A resposta é simples: tenha um
corretor de seguros profissional ao seu lado. Ele é a pessoa capacitada a assessorar
os segurados na definição das melhores opções para sua proteção e elas passam
também pela escolha das seguradoras.