Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
UM ANO INTERESSANTE PARA O SETOR DE SEGUROS
Com certeza, 2021 não foi o ano da virada, nem o melhor ano da década, mas, ao longo dele, as seguradoras tiveram um desempenho bastante interessante. 26 de Novembro de 2021Com certeza, 2021 não foi o ano da virada, nem o melhor ano da década,
mas, ao longo dele, as seguradoras tiveram um desempenho bastante interessante.
Aliás, como boa parte das atividades econômicas nacionais. É verdade, o
terceiro trimestre ameaça confirmar uma recessão técnica, mas, dadas as
características do negócio de seguro, nem mesmo isso deve interromper a
sequência de resultados positivos em praticamente toda as carteiras e ramos de
negócios.
Na base do desempenho está, evidentemente, o arrefecimento da pandemia e
a liberação das atividades sociais em geral. Com menos restrições tolhendo a liberdade
de ir e vir da população e com mais de um ano de vontade reprimida na bagagem,
o brasileiro está lavando a alma, caminhando pelas ruas, tomando de assalto os
parques, lotando os shopping centers, viajando, se estendendo nas areias das praias,
redescobrindo as delícias do turismo, enfim, estamos voltando a viver. E isso é
muito bom, para o corpo, para alma e para os negócios.
Com a atividade econômica acelerando, o setor de seguros cresce. Afinal,
boa parte dos negócios necessita de proteção e quem a oferece são as
seguradoras e os corretores de seguros. Ao longo de 2021 o Brasil recuperou
parte dos prejuízos decorrentes do coronavírus, que cobraram um preço caro ao
longo de 2020. E as seguradoras garantiram os riscos.
É verdade que a base de comparação é baixa, então, crescer neste cenário,
não é difícil. As grandes barreiras devem cobrar seu preço no ano que vem,
quando é esperado um crescimento menor do que o inicialmente projetado e com a
inflação acima da meta.
Para o setor, 2021 trouxe novos negócios e a recuperação de negócios
perdidos para a pandemia, em praticamente todos os ramos de seguros. Todas as
carteiras apresentam evolução positiva e a demanda segue aquecida.
Em alguns casos, o que poderia estar girando mal, também está girando bem,
por conta das compensações naturais feitas pela sociedade. É a realidade
vivida, por exemplo, pelo setor de veículos, onde a queda das vendas dos “zero
quilômetros” foi compensada pela explosão da venda dos veículos usados, com
impactos positivos nas carteiras das seguradoras.
A situação está longe de ser confortável, os riscos de tropeços mais
fortes são reais e a projeção para os dados do terceiro trimestre se encarregam
de deixar isso absolutamente claro.
A alta da inflação, a consequente alta dos juros básicos, o dólar nas
alturas, a falta de componentes e matérias primas, os gargalos no transporte, o
desemprego, que insiste em não cair, são barreiras que cobrarão seu preço,
reduzindo o ritmo do crescimento. Ninguém espera um 2022 esplendoroso, mas os
números já alcançados em 2021 garantem ao setor de seguros resultados
positivos.
Não é hora de baixar a bola. A tempestade não passou e o ano que vem é
ano de eleição. Quer dizer, vai valer tudo para se chegar lá e os políticos não
têm a menor vergonha de estenderem esse tudo a níveis dramáticos, se for o
preço a pagar para vencerem. Tanto faz, agora ainda é este ano e, em 2021, as
seguradoras terão balanços no azul.