A MAG investe em inovação há muito tempo, pois sabe que para ser longeva precisa estar plugada na transformação da sociedade. Desde que Nilton Molina passou o comando para o filho, Helder Molina, em 2004, o clima de inquietação por fazer algo diferente tomou conta da equipe. As mudanças são ligeiras no centenário grupo segurador, que comemorou 187 anos em janeiro último. Fez parceria com o grupo holandês Aegon. Inovou ao criar lojas virtuais para os corretores. Depois lançou a WinSocial para vender seguro para um grupo excluído, os diabéticos. Em 2020, foi a única seguradora tradicional que se inscreveu na primeira edição do Sandbox da Superintendência de Seguros Privados (Susep).  

E neste início de 2022, outra conquista: o lançamento da Simple2u dentro do projeto que cria um ambiente experimental constituído com condições especiais para que as empresas selecionadas ofereçam novas tecnologias ou processos inovadores. “Uma alegria e tanto lançar uma seguradora 100% digital para atuar em outros segmentos. Estamos super animados, mas confesso que estamos também com um frio na barriga. O desafio é grande para conquistar novos consumidores com um modelo de negócio totalmente novo”, conta o diretor da Simple2u Leonardo Lourenço. 

A seguradora digital marca a entrada do grupo MAG, especializado em seguro de vida, planos de previdência abertos e fechados e gestão de ativos, em novos mercados. A startup traz um portfólio de seguros baseado em on demand, com coberturas que podem ser ativadas e desativadas a qualquer tempo, manualmente ou de forma automática. Os dois primeiros produtos são para acidentes pessoais e residência. “Queremos trazer ainda mais poder de escolha e autonomia para os nossos clientes, com objetivo de oferecer cada vez mais produtos personalizados e moldados às demandas e estilo de vida de cada um”, diz ele que se dedica ao grupo MAG (ex-Mongeral Aegon) desde 2005. 

Parece simples ligar e desligar um seguro. Mas isso não existia até muito pouco tempo atrás e as experiências existentes mostram que os ajustes são necessários em todo o processo. Também revelam que a aceitação é grande entre millennials, geração que normalmente não se identifica com uma cobertura de seguros tradicional. Criar a infraestrutura tecnologia para viabilizar a operação demandou centenas de horas de trabalho e muitos milhares de reais. Back-office pronto, agora a missão é ensinar a população que nunca comprou um seguro que há uma proteção diferenciada, na qual o cliente paga somente pelo que usa. 

Um exemplo: alugou um imóvel por um período curto. Ao acionar o play do seguro começa a valer cobertura escolhida. Se para acidentes pessoais, o seguro pode ser ligado durante um trajeto ou calendário pré-determinado, como o horário de trabalho, uma atividade de lazer ou viagem. O produto permite receber indenizações em caso de morte, invalidez permanente e reembolso de despesas com médicos e hospitais.  Se para residência, contará com cobertura para roubo, furto ou dano elétrico. Também há no pacote serviços emergenciais como chaveiro, encanador, eletricista e vidraceiro. Voltou para a casa habitual, desliga o seguro e paga só pelo que usou. 

“O seguro pode ser ativado por intervalos de uma hora até 30 dias, em situações como trabalho, lazer ou uma viagem”, explica Lourenço. Um dos desafios é: e se o cliente esquecer de ligar? De desligar? A geolocalização, que em breve entrará no ar, ajudará a resolver esta questão. O cliente define os lugares que precisa de seguros. “Se ele optar que em casa não precisa do seguro, mesmo sem ter desligado, a plataforma assumirá que o “taxímetro” parou”, explica. 

Para evitar esquecimentos quanto ao pagamento, o consumidor contará com uma carteira digital de seguros. Os valores serão descontados à medida em que a cobertura for utilizada. E permitirá a ativação de diferentes produtos, de acordo com a sua vontade, com previsão de devolução do dinheiro não utilizado. “A decisão e do consumidor. Não vou criar uma regra. Ele pegou a dinâmica de outros mercados como streamings, e trouxe para seguro”, argumenta.

A Simple2u tem um cronograma no qual se espera atingir a marca de 50 mil clientes durante os dois primeiros anos de operação. Saindo do modelo Sandbox para a maioridade de uma seguradora digital, poderá ampliar o portfólio de produtos. Um dos ramos em pauta é o seguro celular, além de cobertura para bens em geral, estilo de vida, viagens e para pets. 

A previsão é ter vendas acima de R$ 150 milhões no quinto ano de operação. Outra boa notícia é que como ela nasce digital, já estará dentro do modelo de regulação digital, livre de uma rotina pesada que as seguradoras tradicionais enfrentam. “Já nascemos dentro do SRD”, diz Lourenço, que nada mais é do que o envio de informações online ao órgão regulador. Sem papel.