Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
UM SETOR COM MUITO POTENCIAL
Recentemente preparei uma palestra para a Reunião Nacional Virtual da ABEPOLAR, a mais antiga ONG nacional focada na prevenção do meio ambiente, para mostrar a eles o setor de seguros brasileiro 05 de Agosto de 2022Recentemente preparei uma palestra para a Reunião Nacional Virtual da
ABEPOLAR (Associação Brasileira de Ecologia, Prevenção à Poluição e Defesa
Civil), a mais antiga ONG nacional focada na prevenção do meio ambiente, para
mostrar a eles o setor de seguros brasileiro. Ficou um texto rico e
principalmente otimista, num cenário em que as coisas não vão tão bem ao redor
do planeta e no Brasil.
Resumidamente, mostro a atividade desde seu princípio, recordando a
Companhia Boa Fé de Seguros, criada por D. João VI logo depois de abrir os
portos e fundar o Banco do Brasil. Ainda que de vida efêmera, a criação da
seguradora pelo rei de Portugal, em 1808, deixa clara a importância do seguro para
a Coroa, bem como sua visão de proteção social, materializada inicialmente,
através da criação pelo rei D. Diniz de um fundo para repor as embarcações
perdidas, na distante década de 1350.
Em meados do século 19, outras companhias de seguros são formadas e, no
final de 1800, o Brasil tem um mercado relativamente dinâmico, dominado por
seguradoras internacionais. Esse cenário vai até 1939, quando o governo
nacional cria o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) e dá a ele o monopólio
do resseguro no país, situação que perdura até 2007, quando o setor é aberto à
iniciativa privada e o IRB transformado num ressegurador local.
Somando seguros gerais, vida, previdência privada aberta, capitalização e
saúde privada, o setor faturou em 2021 algo próximo de quinhentos bilhões de
reais, o que o coloca entre as principais atividades geradoras de poupança no
país, com reservas técnicas de mais de um trilhão e duzentos bilhões de reais.
Para quem acha que as seguradoras são companhias frias e insensíveis, que
só querem tirar o dinheiro do segurado, é importante salientar que as
operadoras de planos de saúde privados cobriram em 2021 mais de um bilhão de
procedimentos e que as seguradoras pagaram mais de seis bilhões de reais em
indenizações decorrentes de mortes por covid19, em princípio, um risco
excluído.
Mas bom é andar pra frente, então, o que interessa é o futuro e aí as
deficiências estruturais da atividade, a principal delas a baixa penetração na
sociedade, se tornam as grandes aliadas para um crescimento importante ao longo
dos próximos anos. Em termos simples, o setor tem potencial para dobrar de
tamanho, bastando para isso o aquecimento da economia e a geração de emprego e
renda.
Atualmente, o Brasil tem mais de dezoito milhões de imóveis sem qualquer
tipo de seguro. A maioria das empresas não tem seguro ou tem planos
inadequados. Grande parte das cargas transportadas não são seguradas. Seguros
financeiros, de garantia e de responsabilidade estão engatinhando. Os seguros
para mudanças climáticas são quase inexistentes. Os seguros de pessoas podem
crescer bastante. E o seguro para o agronegócio está apenas começando.
É um cenário desafiador, mas otimista e está aberto para quem investir em
novos produtos e soluções para atender as necessidades de proteção da
sociedade. Ninguém discute, agora, a coisa está complicada, mas, em poucos anos,
o setor de seguros nacional pode dobrar de tamanho e isso escancara uma grande
gama de oportunidades para quem acreditar e entrar de cabeça.