Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
OS RISCOS E SEGURO
Perigo é tudo aquilo nos ameaça; risco é o perigo que, acontecendo, nos causa prejuízo econômico. 09 de Setembro de 2022Perigo é tudo aquilo nos ameaça; risco é o perigo que, acontecendo, nos
causa prejuízo econômico. Sair de casa na cidade de São Paulo, tanto faz a
hora, o dia ou a época do ano, é sempre um perigo. Você anda no fio da navalha,
literalmente. A qualquer instante, o mundo pode cair na sua cabeça, na forma de
um acidente de trânsito, uma briga de torcida, um assalto, sequestro, tiroteio,
engano e mais o que puder acontecer de ruim e negativo, como uma tempestade, a
queda de uma árvore, o desmoronamento de um imóvel, a queda do beiral de um prédio
etc. São acidentes que acontecem
regularmente e cobram sua quota de vidas nos acontecimentos cotidianos que
enlutam a cidade e seus moradores.
Alguns se tornaram tão banais que não dão nem notícia nos jornais ou na televisão.
Simplesmente acontecem e não chamam a atenção de ninguém. São rotineiros, fazem
parte da vida da cidade, são indiferentes para a massa, mas doem no fundo da
alma dos que são atingidos por eles.
Quem já foi assaltado sabe a tensão do momento; quem se envolveu num
acidente de trânsito mais grave sabe a sensação de estupefação; quem viu de
perto um incêndio sabe a profunda tristeza que as chamas provocam nos que
assistem, impotentes, o fogo devorar o imóvel.
O seguro existe para minorar as perdas decorrentes dos eventos que causam
prejuízo econômico. Quer dizer, o seguro existe para minimizar as perdas
decorrentes da materialização dos riscos que nos ameaçam.
O seguro não existe para assumir ou minimizar os riscos dos segurados.
Não tem como a seguradora assumir o risco do segurado, nem tem como ela reduzir
a possibilidade de sua ocorrência. O que o seguro faz é indenizar os prejuízos
decorrentes dos eventos cobertos pelas apólices.
Entre os riscos mais comuns para os moradores da cidade estão as
diferentes formas de crimes contra a pessoa. Assaltos, assassinatos,
latrocínios, furtos, agressões físicas são parte da rotina e todos estamos
sujeitos aos seus efeitos e consequências.
Tomando um crime que tem crescido de forma consistente desde o
arrefecimento da pandemia, o latrocínio, o roubo seguido do assassinato da
vítima pelo assaltante, tem impacto em pelo menos três seguros diferentes. No
seguro de vida, em função da morte da vítima; no seguro de acidente pessoal, no
caso dela morrer ou ficar inválida; e no seguro de roubo, que repõe os bens
levados pelo assaltante.
Mas não é apenas o latrocínio que leva ao aumento da sinistralidade das
seguradoras. Os acidentes de trânsito impactam os seguros de vida e acidentes
pessoais e também custam caro nas indenizações dos seguros de veículos.
O Brasil assiste impotente ao aumento da violência de todos os tipos,
provocada pelas mais variadas razões, quando não sem razão nenhuma, exceto o
descontrole do agressor. Esse é o dado estarrecedor. O maior risco é o risco de
ações humanas, de atos de pessoas que matam, ferem e custam caro para a
sociedade. O seguro paga as indenizações, mas não ressuscita os mortos, nem
recupera o bem que foi perdido.