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Em sete dias, aquisições movimentam R$ 1,5 bi

Valor Econômico - 04 de Junho de 2021

Em apenas uma semana, foram concluídas sete aquisições no setor de saúde, sendo quatro delas anunciadas num único dia. Juntas, essas transações - lideradas por Dasa, Fleury, Rede D’Or e Hospital Care - superam a marca de R$ 1,5 bilhão. As operações têm em comum a diversificação geográfica ou expansão para novas áreas de negócios. Considerando os cinco primeiros meses deste ano, foram assinados 79 negócios no setor de saúde, um incremento de 21,5% quando comparado ao mesmo período de 2020, segundo levantamento da Deloitte Brasil.

A Dasa encabeçou as maiores transações desta última semana, ao comprar o Hospital da Bahia e a corretora e administradora de planos de saúde Case por cerca de R$ 1 bilhão. Seu concorrente, Fleury, adquiriu os laboratórios Pretti e Bioclínico, do Espírito Santo, por R$ 315 milhões.

A Rede D’Or, que acaba de colocar mais R$ 1,7 bilhão no caixa, por meio de uma oferta subsequente, levou o Hospital Serra Mayor, de São Paulo, por R$ 130 milhões. E a Hospital Care comprou o Hospital Evangélico de Sorocaba, no interior paulista. A semana também contou com a presença do Hospital Albert Einstein, que concluiu a aquisição do Hospital Órion, em Goiânia (ver Einstein assume hospital em Goiânia).

As transações confirmam as estratégias adotadas pelos grupos de saúde de diversificação do negócio. “Eles estão alargando seu campo de atuação, querem participar das várias etapas da jornada do paciente. Os grupos sabem que o custo da saúde vai se tornar impagável se continuar crescendo no atual ritmo e com o atual modelo”, disse Luis Fernando Joaquim, sócio-lider da área de saúde da Deloitte Brasil. Por isso, essas empresas buscam novos formatos de atuação.

Em laboratórios e hospitais, quanto maior o volume de procedimentos realizados, maior sua receita. Mas há muito desperdício nesses processos, com repetição de exames, por exemplo. Assim, o atual modelo do setor - cuja inflação médica, historicamente, é o triplo da inflação do país (IPCA) - é considerado insustentável.

Diante desse cenário, “os grupos de saúde querem participar de outras etapas do cuidado, com novos modelos, e negociam com as operadoras um repasse de valor per capita e não por exame”, diz Joaquim. Um questionamento sobre essa nova estratégia é se os prestadores de serviços vão entrar na seara das operadoras de planos de saúde. “É difícil dizer, mas não é impossível. Precisa ser muito grande para competir com Bradesco e SulAmérica, por exemplo, que estão no país todo”, disse o sócio da Deloitte. Hoje, alguns grupos de saúde já têm um pé na área de planos de saúde, ainda que de forma indireta ou tímida.

A Rede D’Or é a maior acionista da Qualicorp, uma corretora e administradora de planos de saúde. A D’Or, Dasa e Fleury fazem gestão de convênios médicos corporativos. A Hospital Care tem uma carteira com cerca de 100 mil usuários de planos de saúde que vieram de aquisições de hospitais que tinham esse negócio.

As transações dos últimos setes dias marcaram ainda a entrada em novas praças. O Fleury desembarcou no Espírito Santo. “Os laboratórios Pretti e Bioclínico estão entre os três maiores da Região Metropolitana de Vitória. Ao comprar os dois de uma só vez, o Fleury dificulta a entrada de outros rivais. Em Vitória, há um movimento de maior procura por serviços de saúde de melhor qualidade, com tíquete maior, disse Aleardo Veschi, sócio da Hunter Capital, consultoria que se associou à Òrama. Veschi foi o assessor dos laboratórios Pretti e Bioclínico.

Com o Hospital da Bahia, a Dasa entrou em Salvador e vai integrar este novo ativo a seus laboratórios, que já são líderes na capital baiana. A Hospital Care também está estreando em Sorocaba, no interior paulista, e a Rede D’Or diversificou seu público ao comprar o Hospital Serra Mayor, que trabalha com um tíquete médio menor.