Tratamento da Covid-19 pressiona custos dos planos de saúde
Estudo da FenaSaúde com 2 milhões de beneficiários mostra aumento no uso e no preço de remédios e até de aventais, máscaras e luvas
Apólice - 14 de Junho de 2021A pandemia de Covid-19 está pressionando fortemente os
custos dos planos de saúde no país. É o que aponta estudo da FenaSaúde
(Federação Nacional de Saúde Suplementar), com 2 milhões de beneficiários, que
mostra um aumento significativo de usuários internados e a disparada de preços
de medicamentos e de insumos usados nos tratamentos.
Em novembro de 2020, o estudo mostra que havia 22,17
pacientes com Covid para cada grupo de 100 mil beneficiários. Em janeiro de
2021, o índice chegou a 48,48 e, em abril, bateu a marca de 114,01.
Com internações mais prolongadas e a disparada dos preços de
insumos, o custo da internação de Covid em UTI também avançou. Em janeiro, o
atendimento aos pacientes com a doença consumia, em média, R$ 78,8 mil por
pessoa internada, para as operadoras. Em abril, o custo saltou para R$ 100,6
mil, o que corresponde a um aumento de 27%.
“Com a iminência da terceira onda dos casos da doença, fica
claro que esses custos tendem a permanecer em patamar muito alto, o que
continuará pressionando os custos da saúde, impactando diretamente nos preços
dos planos de saúde”, explica a diretora executiva da FenaSaúde, Vera Valente.
Kit intubação e EPIs
O estudo mostra ainda que a Covid-19 puxou fortemente o
consumo e os preços de medicamentos do kit intubação usado em pacientes com a
doença.
Um dos exemplos é o anestésico Rocuronio, cuja utilização
cresceu 2.914%, no comparativo entre os 12 meses de 2019 e os primeiros três
meses de 2021. Além do aumento no uso, o preço também subiu, e muito: 216%. Com
isso, o gasto médio mensal com o produto avançou 9.435%.
Outro vilão dos custos foi o sedativo Midazolam. A
quantidade média comprada para atender a amostra cresceu 762%, entre a média
mensal de 2019 e a média dos três primeiros meses de 2021. O preço unitário do
medicamento saltou 542%, fazendo o gasto médio mensal para os planos disparar
5.275%.
Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como
máscaras, luvas e aventais, fundamentais para a segurança dos profissionais que
atuam no tratamento dos pacientes com Covid-19, também tiverem seus preços
elevados.
O gasto médio mensal dos aventais aumentou 5.644%, entre a
média mensal de 2019 e a dos três primeiros meses de 2021, bem como a
quantidade média utilizada por mês, que saltou 726%. O mesmo ocorreu com as
máscaras descartáveis, que, em comparação com a média mensal de 2019 e janeiro
a março de 2021, apresentou 5.644% de aumento no gasto médio por mês e 654% na
quantidade usada mensalmente.
“As operadoras fecharam o primeiro trimestre deste ano com o
maior custo assistencial da história por causa do avanço da pandemia e a
manutenção de procedimentos não urgentes em níveis muito altos. Foi a
tempestade perfeita”, diz Vera Valente. “O cenário continua crítico. As
internações por Covid têm sido mais prolongadas, especialmente em UTIs”.
É importante ressaltar que as operadoras gerenciam custos e
repassam aos usuários apenas o necessário para manter a carteira dos planos em
constante equilíbrio econômico-financeiro e atuarial. Em média, mais de 80% do
que as empresas arrecadam são pagos a hospitais, laboratórios e profissionais
de saúde para cobrir as despesas de atendimento ao beneficiário; perto de 15%
são gastos administrativos e de comercialização; do que sobra ainda são
descontados impostos e despesas operacionais.
“Não podemos nos esquecer que a qualidade dos serviços está
diretamente ligada ao equilíbrio econômico-financeiro do setor. Isso precisa
ser preservado para evitar a quebra de operadoras, o que acaba punindo os
beneficiários”, detalha a diretora executiva da FenaSaúde.