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Insolvência pode atingir 2.200 empresas no Brasil neste ano e ganhar força em 2022

Projeções da Euler Hermes indicam 2.900 companhias nessa condição em 2022

Valor Econômico - 08 de Outubro de 2021

O número de insolvências de empresas no Brasil poderá fechar o ano com crescimento de 6% e dar um salto em 2022, com alta de 32%, de acordo com projeções da Euler Hermes, líder mundial em seguro de crédito. Em 2019, o número de companhias que sofreram insolvência no Brasil foi de 2.887, caindo para 2.078 no ano passado, uma queda de 28%. Mas neste ano a expectativa é de a cifra subir para 2.200 e pular para 2.900 no ano que vem.

Chefe de Pesquisa de Insolvência da Euler Hermes, Maxime Lemerle nota que o Brasil, até agora, não reverteu a tendência de alta de insolvência ao longo de 2021, mas sim registrou estabilização em nível baixo. Ele observa que, apesar dos números mensais altamente voláteis, as insolvências corporativas atingiram 1.318 casos de janeiro a agosto deste ano em comparação com 1.391 em igual período de 2020. Ou seja, uma diferença limitada (-5%). Ao mesmo tempo, houve uma queda relevante em comparação aos níveis pré-covid (-28% em 2019 e -30% em 2018).

“É importante notar que a queda nas insolvências provou ser maior nas empresas de grande porte do que nas PMEs (pequenas e médias empresas), levando essas últimas a representar mais de 90% do número total de insolvências até agora, em comparação à média de 85% antes da pandemia” , diz Lemerle. “Ainda assim, esperamos um aumento moderado até o fim do ano, o que levará o resultado anual para 2.200 casos, e um aumento mais notável em 2022, puxando o número de ocorrências para 2.900”.

Globalmente, após dois anos consecutivos de queda (-12% em 2020 e -6% em 2021), os economistas da Euler Hermes projetam que o índice de insolvência corporativa atinja uma alta de 15% em 2022. As insolvências globais estão em alta, mas ainda em um nível mais baixo do que em 2019.

Para Euler Hermes, isso ocorre graças à extensão de muitas medidas de apoio governamental e política monetária geralmente acomodatícia, o que ajudou a administrar a pressão sobre a liquidez das empresas e solvabilidade. “Uma intervenção estatal maciça evitou uma em cada duas insolvências na Europa Ocidental e uma em cada três nos EUA em 2020. Sua extensão manterá as insolvências em um nível baixo em 2021, mas o que acontecerá a seguir depende de como os governos agirão nos próximos meses”, diz Lemerle.

Na medida da retirada das medidas de apoio relacionadas à pandemia de covid-19, haverá um retorno ao nível normal de insolvências. Mas a trajetória será assimétrica, ilustrada pela recuperação econômica em múltiplas velocidades, e também gradual “devido ao delicado, mas pragmático faseamento”.

Para Euler Hermes, cinco indicadores definirão como as insolvências podem evoluir nos próximos meses globalmente. Primeiro, o ímpeto global da retomada econômica, que será decisivo para o ritmo de retirada das medidas de apoio do Estado, e por sua vez impactará o ritmo de normalização da insolvência das empresas.

Segundo, o ritmo de retirada do apoio estatal, uma vez que também irá influenciar a dinâmica de queima de caixa das empresas; terceiro, muitas empresas frágeis ainda estarão em alto risco de inadimplência, como os 'zumbis' pré-Covid-19 mantidos à tona por medidas de emergência e as empresas enfraquecidas pelo endividamento extra da crise; quarto, a deterioração das finanças das empresas, o que aumenta as questões de sustentabilidade da dívida; e quinto, a rápida recuperação da criação de empresas, uma vez que o aumento do número de empresas aumentará mecanicamente a base para potenciais insolvências, particularmente em setores onde a criação está altamente relacionada com o atendimento de novas necessidades decorrentes da pandemia (ou seja, entrega em domicílio), mas com viabilidade incerta.