Ataques hackers movimentam venda de seguros contra risco cibernético
Arrecadação do segmento cresceu 161% de janeiro a agosto e alcançou R$ 64,3 milhões
Infomoney - 14 de Outubro de 2021A arrecadação dos seguros de riscos cibernéticos alcançou R$ 64,352 milhões no acumulado de janeiro a agosto deste ano, no Brasil, indicando alta de 161,3% em relação ao mesmo período de 2020, quando a receita foi de R$ 24,216 milhões.
Em razão do aumento dos ataques de hackers contra empresas e
pessoas, as vendas de seguros contra riscos cibernéticos no país movimentaram,
somente no mês de julho, mais de R$ 9,5 milhões, volume 213,7% superior ao
observado no mesmo mês de 2020.
O coordenador de Linhas Financeiras da Federação Nacional de
Seguros Gerais (Fenseg), Gustavo Galrão, estimou que esse mercado deve encerrar
2021 com cerca de R$ 101,774 milhões de prêmios. “Isso vai equivaler a um
crescimento de 136% anual. É um marco interessante. Vai superar R$ 100 milhões
de prêmios”, disse hoje (13), à Agência Brasil.
Segundo Galrão, o seguro de riscos cibernéticos ainda é um
mercado recente e pequeno no Brasil, mas vem crescendo muito e tem potencial de
se tornar forte no país: “a expectativa é de que o crescimento siga vertiginoso
para os próximos anos. A gente está vendo uma demanda por prêmios nesse seguro
muito grande”.
Cautela
Gustavo Galrão explica que a demanda pelos seguros de riscos
cibernéticos vem aumentando na medida em que crescem os ataques hackers às
empresas. “Isso dá um cenário de agravo do sinistro muito forte”.
O objetivo das seguradoras é transferir esse risco das
empresas para elas. Mas, para se preservarem, as seguradoras têm estratégias e
política de aceitação do risco. No ataque conhecido como ransomware, que é a
invasão dos sistemas com pedido posterior de resgate, as empresas são ameaçadas
muitas vezes a pagar cifras milionárias, com risco, inclusive, de parar de
funcionar por um período.
As despesas se elevam com a contratação de peritos em
tecnologia para reconstituição de sistemas e realização de cópias de segurança
(back-ups), que acabam gerando preocupação também para as seguradoras.
Por isso, as seguradoras adotam cautela e levantam o maior
número de informações dos clientes, incluindo riscos potenciais. As informações
colhidas vão para a área de produtos das seguradoras que, junto com a área de
subscrição, define a política de aceitação dos riscos para se protegerem contra
um número elevado de sinistros.
“Com base nisso, as seguradoras vão definindo as estratégias
e os produtos que serão oferecidos para as empresas. Há atividades que têm uma
frequência de severidade maior”.
As instituições financeiras e empresas de varejo são as que
mostram maiores condições de serem atacadas, embora sejam também as que estejam
melhor preparadas para uma resposta a esse tipo de ameaças, afirmou o
coordenador.
Outros grandes alvos são as empresas dos setores de energia
e de saneamento e da área da saúde, “porque tem dados sensíveis de prontuários
médicos. Os hackers têm interesse de pegar essas informações e utilizá-las de
maneira imprópria e criminosa”.
Limites
No primeiro semestre de 2021, os sinistros ocorridos
resultaram em indenizações de quase R$ 11,65 milhões, contra R$ 12,54 milhões,
no mesmo período de 2020. O coordenador de Linhas Financeiras da Fenseg
acredita que o número será bem maior este ano, uma vez que muitos sinistros não
estão contabilizados .
“A sinistralidade esperada para este ano deverá ser muito
alta. Inclusive, há expectativa de que supere o valor de prêmios”.
Galrão informou que tanto no Brasil, como na América Latina,
os valores dos seguros de riscos cibernéticos ainda são baixos, em relação ao
que é contratado nos Estados Unidos e Europa.
No Brasil, são poucas as apólices que passam de R$ 100
milhões de limite contratado, ou o equivalente a US$ 20 milhões. A maioria está
abaixo disso.