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SulAmérica Investimentos estreia carteira imobiliária

Valor Econômico - 24 de Junho de 2022

A SulAmérica Investimentos vai estrear no segmento imobiliário por meio de um fundo de fundos (FoF). Com cerca de R$ 50 bilhões sob gestão, a companhia ligada à seguradora recém-comprada pelo grupo hospitalar Rede D’Or tem investido em novas verticais. Adicionou equipes e se vale da participação que detém na Órama para fazer oferta de produtos financeiros de terceiros, emulando os serviços de uma plataforma de investimentos aberta para o varejo.

O FoF vai fazer alocação em certificados de recebíveis imobiliários e pode comprar cotas de outros fundos listados na B3. “Como o mercado passou na pandemia um período de crescimento mais baixo, com a alta das taxas de juros houve uma reavaliação de muito ativo e os fundos imobiliários listados tiveram ajustes importantes nas suas cotas”, diz Marcelo Mello, vice-presidente de investimentos, vida e previdência da SulAmérica. “É uma oportunidade para analisar as melhores teses.”

Na largada, o foco vão ser cotas de fundos “de papel”, com títulos que lastreiam o financiamento do setor, o que significa que, na prática, vai ser um FoF de crédito. “Num primeiro momento, a gente decidiu olhar para as estruturas mais líquidas com foco em renda e menos em ‘tijolo’ [o lastro em imóveis físicos].” O regulamento permite esse tipo de alocação. A meta de retorno é IPCA mais o IMA-B 5 (de títulos atrelados à inflação com prazo de até cinco anos) e um adicional de 2,5% ao ano.

Para criar novas capacidades, a SulAmérica montou times dedicados. Trouxe, no começo do ano, Paulo Castro, que estava na Alianza Investimentos Imobiliários e antes foi sócio da Bozano Realty, para liderar o FoF. No fim de 2020, já tinha trazido Daniela Gamboa, da Kinea, para a vertical de crédito e uma equipe de analistas. Em março, contratou Gilberto Nagai (exBNP e Itaú) para tocar um fundo “long bias”, que calibra a exposição em ações conforme o cenário.

Segundo Mello, a venda do grupo segurador para a Rede D’Or não altera os planos para a atividade de investimentos. A transação, fechada em fevereiro, ainda precisa ser aprovada pelos reguladores. “Investimentos é muito complementar aos outros negócios, não muda nada na independência ou na governança.”

A empresa vem capturando ganhos da aquisição de 25% da Órama, em 2020. Com um acordo comercial em paralelo, os corretores de seguros passaram a indicar clientes para a plataforma. Só no ano passado, captou cerca de R$ 600 milhões por essa via.

“O grupo percebeu há quatro, cinco anos que, da mesma forma que as plataformas de investimentos aproximaram o mundo dos seguros dos agentes autônomos, inserindo previdência, seguro de vida, que o corretor também ia fazer a aproximação com investimentos, mesmo considerando que não tenham certificação e não podem fazer a venda, efetivamente”, diz Mello. A escolha foi trabalhar com um mecanismo de indicação que remunera o corretor. Atualmente, cerca de 4 mil deles, de uma base de relacionamento de 40 mil, estão engajados com a plataforma de investimentos que aparece com a marca da SulAmérica. “Quando fechou a participação na Órama, na estrutura de ‘white label’, a gente viu uma solução de mercado com aderência para inserir no portal do corretor e massificar o projeto.”

Dessa forma, a SulAmérica, que tradicionalmente atendia investidores institucionais, fundações, clientes corporativos e estrangeiros, colocou um pé no varejo.