SulAmérica Investimentos estreia carteira imobiliária
A SulAmérica Investimentos vai estrear no segmento
imobiliário por meio de um fundo de fundos (FoF). Com cerca de R$ 50 bilhões
sob gestão, a companhia ligada à seguradora recém-comprada pelo grupo
hospitalar Rede D’Or tem investido em novas verticais. Adicionou equipes e se
vale da participação que detém na Órama para fazer oferta de produtos
financeiros de terceiros, emulando os serviços de uma plataforma de
investimentos aberta para o varejo.
O FoF vai fazer alocação em certificados de recebíveis
imobiliários e pode comprar cotas de outros fundos listados na B3. “Como o
mercado passou na pandemia um período de crescimento mais baixo, com a alta das
taxas de juros houve uma reavaliação de muito ativo e os fundos imobiliários
listados tiveram ajustes importantes nas suas cotas”, diz Marcelo Mello,
vice-presidente de investimentos, vida e previdência da SulAmérica. “É uma
oportunidade para analisar as melhores teses.”
Na largada, o foco vão ser cotas de fundos “de papel”, com
títulos que lastreiam o financiamento do setor, o que significa que, na
prática, vai ser um FoF de crédito. “Num primeiro momento, a gente decidiu
olhar para as estruturas mais líquidas com foco em renda e menos em ‘tijolo’ [o
lastro em imóveis físicos].” O regulamento permite esse tipo de alocação. A
meta de retorno é IPCA mais o IMA-B 5 (de títulos atrelados à inflação com
prazo de até cinco anos) e um adicional de 2,5% ao ano.
Para criar novas capacidades, a SulAmérica montou times
dedicados. Trouxe, no começo do ano, Paulo Castro, que estava na Alianza
Investimentos Imobiliários e antes foi sócio da Bozano Realty, para liderar o
FoF. No fim de 2020, já tinha trazido Daniela Gamboa, da Kinea, para a vertical
de crédito e uma equipe de analistas. Em março, contratou Gilberto Nagai (exBNP
e Itaú) para tocar um fundo “long bias”, que calibra a exposição em ações
conforme o cenário.
Segundo Mello, a venda do grupo segurador para a Rede D’Or
não altera os planos para a atividade de investimentos. A transação, fechada em
fevereiro, ainda precisa ser aprovada pelos reguladores. “Investimentos é muito
complementar aos outros negócios, não muda nada na independência ou na
governança.”
A empresa vem capturando ganhos da aquisição de 25% da
Órama, em 2020. Com um acordo comercial em paralelo, os corretores de seguros
passaram a indicar clientes para a plataforma. Só no ano passado, captou cerca
de R$ 600 milhões por essa via.
“O grupo percebeu há quatro, cinco anos que, da mesma forma
que as plataformas de investimentos aproximaram o mundo dos seguros dos agentes
autônomos, inserindo previdência, seguro de vida, que o corretor também ia
fazer a aproximação com investimentos, mesmo considerando que não tenham
certificação e não podem fazer a venda, efetivamente”, diz Mello. A escolha foi
trabalhar com um mecanismo de indicação que remunera o corretor. Atualmente,
cerca de 4 mil deles, de uma base de relacionamento de 40 mil, estão engajados
com a plataforma de investimentos que aparece com a marca da SulAmérica.
“Quando fechou a participação na Órama, na estrutura de ‘white label’, a gente
viu uma solução de mercado com aderência para inserir no portal do corretor e
massificar o projeto.”
Dessa forma, a SulAmérica, que tradicionalmente atendia
investidores institucionais, fundações, clientes corporativos e estrangeiros,
colocou um pé no varejo.