Seguradoras projetam 2023 positivo em vida
Analistas esperam redução nos pagamentos de indenizações por conta das vacinas e estimam aumento nas compras on-line
Valor Econômico - 29 de Novembro de 2022Mesmo com a covid-19 voltando a assombrar o mundo desde outubro, as tendências para 2023 na indústria de seguros de vida são otimistas. À medida que a recuperação econômica avança, os analistas do setor preveem um aumento nas vendas de apólices e uma redução nos pagamentos de indenizações por conta da vacinação. Além disso, as vendas on-line devem ter um papel significativo nos próximos anos.
Até setembro, as vendas de seguro de vida avançaram 14%, para
R$ 160 bilhões, e as indenizações pagas, 13%, para R$ 104,6 bilhões. Um
percentual abaixo da média do setor de seguros, que cresceu 18% no mesmo
período. Alguns indicadores alimentam o otimismo, como a retomada do crédito e
do poder de compra do consumidor. O mais citado é que, após mais de 200 mil
beneficiários receberem indenização de seguro por conta da covid-19, houve uma
explosão na demanda por informações sobre seguro de vida.
“Cada vez mais as pessoas têm se conscientizado de que um
seguro de vida deve ser contemplado no planejamento financeiro e isso se
intensificou após a pandemia, momento em que as pessoas passaram a se preocupar
ainda mais com o futuro da família e dos negócios”, afirma a diretora de
produtos da MetLife, Paula Toguchi, que administra mais de 5,5 milhões de vidas
seguradas. Segundo ela, de janeiro a setembro deste ano, as vendas subiram 53%
sobre mesmo período de 2021.
Com demanda em alta, as seguradoras se dedicam a lapidar
produtos e a jornada do cliente. A Bradesco Vida e Previdência, maior do
segmento, cita duas grandes tendências: personalização e procura por produtos
que promovam bem-estar físico e financeiro. De olho nisso, lançou o Vida Viva
Bradesco, com objetivo de acompanhar a evolução e as mudanças no planejamento
financeiro do segurado para que ele tenha maior autonomia na escolha das
coberturas e assistências mais aderentes ao seu momento de vida. “O produto
incentiva a revisão permanente do que foi contratado, para que o plano esteja
sempre adequado às reais necessidades”, afirma o diretor Bernardo Castello.
Outro fato que anima as seguradoras é que o maior acesso a
dados e conectividade promete transformar a subscrição em um processo mais
personalizado. “Em vez de se restringir ao histórico familiar, morbidade
passada e dados comportamentais no momento da venda, a subscrição pode ser um
processo contínuo que responde por mudanças no estilo de vida”, afirma Nuno
David, diretor comercial e de marketing da MAG Seguros, que em 2018 lançou a
WinSocial. Trata-se de uma startup que permite oferecer seguros de vida
personalizados para um público que, geralmente, não encontra este tipo de
oferta no mercado - como pessoas com condições crônicas de saúde, que possuam
hábitos saudáveis e estejam com um bom controle do tratamento. “Expandimos o
portfólio de soluções para pessoas com obesidade, hipertensão, HIV+ ou com
histórico de câncer de mama, próstata ou pele não melanoma”, acrescenta David.
As seguradoras também investem para desenvolver produtos que
envolvam os clientes, incentivando-os a adotar um estilo de vida mais ativo. A
ascensão de ferramentas de avaliação de saúde doméstica, particularmente
vestíveis, tornará mais fácil para os clientes compartilhar dados de saúde em
troca de prêmios mais baixos.
A Icatu fez parceria com a Betterfly e a Prudential com a
Vitality para gamificar o uso de wearables. A plataforma Betterfly pode ser
adquirida pelas empresas para ser oferecida aos colaboradores, com um programa
de benefícios que inclui acesso a um seguro de vida dinâmico, telemedicina,
suporte psicológico, serviço de fitness, meditação, nutrição, educação e
bem-estar. Nela, os usuários são incentivados a adotar hábitos saudáveis como a
prática regular de exercícios, que geram moedas virtuais (Bettercoins) que
aumentam o valor do capital segurado do seguro de vida e podem ser revertidas
em doações para causas sociais. Tudo é 100% digital, na palma da mão. “Já temos
uma inteligência de dados que nos permitirá fazer uma aceitação apenas com o
CPF”, conta Luciana Bastos, diretora de produtos de vida, que acaba de atingir
R$ 50 bilhões em administração de ativos de previdência, se tornando a maior
não ligada a bancos.
A Prudential, tida como uma seguradora de elite, aderiu à
democratização do seguro numa parceria com o Mercado Pago. O produto, com
contratação 100% digital, tem capital segurado entre R$ 25 mil e R$ 250 mil,
com tíquetes entre R$ 9,90 e R$ 73, tem a ambição de conquistar até 13% da base
de 36 milhões de clientes do portal de serviços financeiros.
Outra novidade da Prudential foi permitir aos clientes
contratarem a cobertura para doenças graves, modalidade que mais tem crescido
no setor, de forma direta. “Nosso próximo lançamento é um seguro de doenças
graves focado no público infantil, entre dois e 13 anos e novas coberturas de
cirurgias e quebra de ossos a partir de janeiro”, afirma Dennys Rosini, diretor
de produtos da Prudential do Brasil, que detém 47,6% de participação de mercado
do seguro de doenças graves, o que mais cresce desde 2020.