Alta dos juros impacta seguradoras: riscos e oportunidades no cenário econômico
Sonho Seguro - 30 de Janeiro de 2025
O Comitê de Política Monetária (Copom) encerra hoje sua primeira reunião do ano. O novo patamar da Selic (taxa básica dos juros do país), que se encontra atualmente em 12,25% ao ano, deve ser divulgado por volta de 18h30. O encontro do colegiado iniciado na terça-feira (28) marca também a primeira decisão de juros de Gabriel Galípolo como o mais novo presidente do Banco Central (BC).
A elevação das taxas de juros no Brasil tem impactos diretos no mercado segurador, que administra mais de R$ 1,8 trilhão aplicados em reservas técnicas, sendo que a maior parte (cerca de R$ 1,52 trilhão) se refere a PGBL, VGBL e planos tradicionais de previdência, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e da CNseg, a confederação das Seguradoras. Esses recursos garantem o pagamento de indenizações, além da devolução de valores aplicados em planos de previdência e capitalização. Diante das atuais taxas de juros futuras em patamares de 15% a 16%, o mercado se divide entre riscos e oportunidades para as seguradoras.
Entre os aspectos positivos, está o aumento na rentabilidade das reservas técnicas. Com um volume significativo de recursos alocado em títulos públicos indexados à inflação e aos juros, as seguradoras tendem a obter retornos mais elevados, garantindo maior solidez financeira. Um exemplo são as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), que, com vencimento em 2035, atualmente pagam IPCA mais 7,85%. Esse rendimento expressivo pode melhorar a rentabilidade do setor, tornando produtos de longo prazo, como previdência privada, mais atrativos para os investidores.
Por outro lado, a alta dos juros também traz desafios. O principal está ligado à sustentabilidade da dívida pública brasileira. O gestor Luis Stuhlberger, executivo-chefe da Verde Asset Management, alerta que “com certeza, quem comprar e carregar (NTN-B), juro aqui não será 8% real nos próximos dez anos, o Brasil quebra antes”, disse ao participar de evento do UBS BB, em São Paulo, na terça-feira, 28. Esse cenário de incerteza pode levar a volatilidade no mercado financeiro, afetando a previsibilidade dos retornos dos investimentos das seguradoras.
Além disso, a desvalorização cambial tem impactos inflacionários, especialmente sobre alimentos, o que pressiona o poder de compra da população e pode reduzir a contratação de seguros e planos de previdência. No entanto, Stuhlberger pondera que, com juros elevados, o dólar tende a se acomodar em um nível mais baixo, reduzindo parte dessa pressão inflacionária.
Diante desse cenário, as seguradoras precisam equilibrar estratégias de investimento para mitigar riscos e aproveitar oportunidades. A diversificação dos portfólios e a gestão eficiente dos ativos são essenciais para garantir a segurança financeira no longo prazo, independentemente das oscilações macroeconômicas.
Por essas e outras, “um ano desafiador” tem sido a frase mais repetida por profissionais do setor de seguros para definir o ano de 2025.