Seguro agrícola: indenizações sobem mais de 140% em SP no 1º semestre
Sobre os recentes incêndios no estado, Federação avalia que deve haver baixo impacto sobre seguro rural
O Estado de S. Paulo - 03 de Setembro de 2024As recentes queimadas que atingiram o interior de São Paulo, causando um prejuízo estimado em mais de R$ 1 bilhão, devem ter um impacto relativamente baixo sobre o mercado de seguro rural. É o que aponta a Federação Nacional de Seguros Gerais.
De acordo com Fábio Damasceno, membro da comissão de seguro
rural da FenSeg, as queimadas poderiam ter causado danos mais severos se
tivessem afetado a colheita de inverno, já concluída.
No estado paulista, a maior exposição para quem tem seguro
agrícola, considerando dados do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural
(PSR), deverá ser com propriedades de cana-de-açúcar, que detêm 556 apólices
contratadas, seguida pelo seguro pecuário (216), e o seguro florestal
(90).
Além de produções, o fogo atingiu também bens patrimoniais
como garagens, colheitadeiras e plantadeiras. Segundo a FenSeg, embora ainda
não seja possível contabilizar números exatos, pode-se dizer que a maioria dos
sinistros acionados pelos segurados, desde o fim de semana, ocorreu na região
central e noroeste de São Paulo, a partir de Ribeirão Preto.
Apesar de os valores de indenização ainda não serem
alarmantes, de acordo com a Federação, a quantidade de sinistros é considerada
alta pelas seguradoras para o período de tempo – os primeiros focos de incêndio
foram registrados na sexta-feira 23 de agosto. A expectativa é de que os
acionamentos aumentem nos próximos dias.
Além das ocorrências em São Paulo, incêndios vêm se
espalhando nos últimos meses pela Amazônia, Pantanal e estados como Goiás e
Minas Gerais. Cenário que reforça a percepção do mercado segurador de que será
preciso redimensionar a exposição ao risco do seguro agrícola, que protege
plantações de fenômenos meteorológicos.
“O principal causador de perdas agrícolas, nos últimos dez
anos, não é o incêndio. A seca sempre foi o maior risco. Incêndio nessas
proporções foi a primeira vez”, destaca Fábio Damasceno, contextualizando que,
até então, ocorrências como essas se mostravam mais danosas no seguro de
equipamentos agrícolas e no seguro florestal, e menos no seguro agrícola.
De acordo com o executivo, a avaliação e gestão de risco do
seguro agrícola tem sido um desafio crescente, considerando que as mudanças
climáticas estão provocando eventos extremos com frequência cada vez maior.
“Estamos vivendo uma nova realidade climática que exige uma adaptação rápida e
eficaz por parte das seguradoras para garantir a viabilidade das carteiras e
proteger os produtores rurais. As mudanças estão impactando não apenas o perfil
de risco, mas também a aptidão agrícola das regiões”, afirma ao Agro Estadão.
Segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras
(CNseg), aos quais o Agro Estadão teve acesso com exclusividade, no primeiro
semestre deste ano, em todo país o seguro agrícola arrecadou, R$ 2,2 bilhões,
queda de 16,3% ante 2023, e as indenizações somaram R$ 1,8 bilhão, alta de 2,3%
sobre o mesmo período do ano passado. No estado de São Paulo, a arrecadação
atingiu R$ 338 milhões, recuo de 1,1%, e as indenizações, R$ 712,3 milhões, com
alta de 146,3% sobre igual período de 2023.
Ainda de acordo com o representante da FenSeg, a entidade
está comprometida em monitorar a situação atual e coordenar esforços para
garantir uma resposta eficaz aos sinistros, além de trabalhar na atualização
dos modelos de risco e precificação para melhor atender às necessidades do
setor agropecuário.