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Mercado de seguros e educação financeira: inclusão e proteção abrem a 12ª Semana ENEF

Apólice - 13 de Maio de 2025
Nesta segunda-feira teve início a 12ª Semana de Educação Financeira (Semana ENEF), organizada pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), que ocorre de 12 a 18 de maio, em Brasília. Com o tema “Seguros para Todos: educação financeira, vulnerabilidade socioeconômica e seguros inclusivos”, o evento destacou a importância da educação previdenciária e securitária como instrumentos para o desenvolvimento social e econômico. A programação foi realizada no auditório do Ministério da Educação (MEC), com apoio da CNseg, FenSeg, FenaPrevi e FenaCap.

Educação financeira como estratégia nacional
O primeiro painel foi aberto por Ney Ferraz de Dias, presidente da FenSeg, que enfatizou o papel da educação financeira na sociedade brasileira. “O conhecimento financeiro é um pilar fundamental para o nosso país e, consequentemente, o seguro se torna um grande influenciador nesse direcionamento”, afirmou, destacando a relevância do setor na proteção das famílias diante de imprevistos.

Em seguida, Douglas Duran, vice-presidente da FenaCap, apresentou iniciativas da Federação com foco na capitalização como ferramenta de incentivo à educação financeira. Ele mencionou o potencial desse instrumento para diferentes perfis de consumidores e projetou que as reservas técnicas devem ultrapassar R$ 100 bilhões (quando e comparado com o que?). “A capitalização pode sim ser um grande incentivo, respeitando o perfil de cada cliente e atendendo ao seu objetivo de se educar financeiramente”, declarou.

Bernardo Ferreira Castello, vice-presidente da FenaPrevi, relembrou a importância da previdência privada durante a pandemia da Covid-19. “Salvamos milhares de famílias que ficaram em situação de urgência financeira após perderem entes queridos. A educação financeira é um valor inegociável para nós da FenaPrevi”, afirmou.

Por fim, Dyogo Oliveira, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), reforçou o papel social do setor: “A maior contribuição que podemos oferecer ao Brasil é a educação e o conhecimento financeiro”. Ele apontou dificuldades enfrentadas pela população de baixa renda, como o custo elevado do crédito e a falta de proteção básica. Ao mencionar as enchentes no Rio Grande do Sul, alertou: “Quem pagou os 98% restantes das indenizações foi a população pobre e vulnerável. Precisamos refletir sobre isso”.

Oliveira também anunciou um novo projeto voltado à educação financeira de crianças e jovens, com o objetivo de ampliar o alcance da base da formação cidadã.

Estudos e projetos em destaque
Seguindo a programação André Nunes, assessor da Presidência da CNseg, apresentou ações da entidade voltadas à inclusão securitária por meio da educação financeira. Entre os destaques da Agenda de Educação Financeira da CNseg estão:

Atuários do Futuro – Apoio à permanência de estudantes de baixa renda em cursos de Atuária em universidades públicas.
Programadores, Futuro Seguro – Capacitação em tecnologia da informação com foco na inserção no mercado de seguros.
Parceria com a UNICEF – Formação de professores e desenvolvimento de currículos de educação financeira para escolas públicas.
Programa Um Milhão de Oportunidades (1MiO) – Divulgação de conteúdos educativos para jovens.
O projeto com a UNICEF já alcança 37 mil estudantes em sete estados, envolvendo 1.400 turmas, 1.100 escolas e formação de educadores.

Airton Filho, diretor técnico da SUSEP, aproveitou também para apresentar o primeiro relatório de iniciativas de 2025 da autarquia. Segundo o documento, 73 empresas supervisionadas promovem ações gratuitas de educação financeira, com foco em adultos de 20 a 59 anos, mas ainda com baixa penetração entre crianças e jovens.

A Política Nacional de Acesso ao Seguro
O segundo painel discutiu a ampliação do acesso da população de baixa renda a produtos de seguro, com foco na inclusão financeira.

Carla Simões, superintendente-executiva de Comunicação e Marketing da CNseg, mediou o debate. Júlia Lins, diretora de Infraestrutura de Mercado e Supervisão de Conduta da Susep, destacou que a compreensão limitada dos produtos é um obstáculo relevante. “O acesso ao seguro é restrito porque muitos brasileiros não entendem o que estão contratando. O mercado é confuso, com linguagem excessivamente técnica”, afirmou, defendendo a simplificação da comunicação.

Para Natanael Castro, diretor-executivo da FenaCap, a capitalização pode ser a porta de entrada para a educação financeira, especialmente entre os jovens. “É um produto simples, acessível, com valores a partir de R$ 30. Pode ser o primeiro passo para o consumo consciente de outros serviços financeiros”, disse, mencionando sua própria experiência pessoal.

Em seguida, Ana Flávia Ribeiro Ferraz, presidente da Comissão de Riscos Pessoais da FenaPrevi, tratou da dificuldade de engajar o público jovem na contratação de seguros de vida e previdência. Segundo ela, é fundamental reforçar os benefícios de iniciar cedo, tanto em termos de custo quanto de retorno. Ela também ressaltou que os produtos atuais já consideram diferentes configurações familiares e ciclos de vida, oferecendo maior flexibilidade.

Encerrando a primeira sessão de debate, Emerson Del Rei, vice-presidente da Comissão da FenSeg, trouxe dados sobre a baixa penetração de seguros para celulares: dos mais de 264 milhões de aparelhos ativos no país, apenas cerca de 10 milhões estão segurados. “O celular está no centro da vida das pessoas. O seguro não é só contra roubo, mas uma proteção contra danos e uma forma de tranquilidade emocional”, afirmou, defendendo a popularização desse tipo de cobertura.

Proteção para trabalhadores informais e educação financeira
O painel também abordou a realidade de trabalhadores informais, como motociclistas e motoristas de aplicativo, que permanecem à margem dos produtos tradicionais de proteção.

Emerson Del Rei destacou a baixa cobertura entre motociclistas: há entre 1,6 e 1,7 milhão de motos seguradas, número pequeno diante da frota em circulação. Ele defendeu o desenvolvimento de produtos mais alinhados à realidade desses profissionais, como coberturas para perda de renda e responsabilidade civil facultativa, e ressaltou a importância da redução dos índices de roubo para tornar os preços mais acessíveis.

Em complemento, a representante da FenaPrevi reforçou a necessidade de tornar a comunicação mais próxima da realidade do consumidor. “O seguro é uma ferramenta de reposição de renda. É importante que o consumidor consiga materializar o risco: quanto me custaria ficar 15, 30 dias sem exercer minha atividade?”, questionou. Ela também destacou a importância da educação para o consumo consciente.

Por fim, Natanael Castro compartilhou duas iniciativas de educação financeira promovidas por empresas do setor de capitalização: uma baseada em gamificação para atrair jovens de comunidades carentes ao hábito de poupar; e outra com foco em palestras educativas em parceria com entidades filantrópicas. “Existe um espaço fértil para ampliar o alcance dessas iniciativas e contribuir para uma jornada mais consciente do ponto de vista financeiro”, afirmou.

Previdência, longevidade e planejamento de longo prazo
O painel final discutiu a sustentabilidade financeira diante do envelhecimento populacional no Brasil. Nárlon Gutierre Nogueira, representante do Ministério da Previdência Social, destacou a rápida transformação demográfica: a redução da natalidade e o aumento da expectativa de vida provocarão queda na população economicamente ativa a partir de 2040, o que pressiona o sistema previdenciário e demanda ajustes, como os da reforma de 2019.

Segundo Nárlon, é necessário promover uma nova cultura previdenciária e de educação financeira, superando o modelo tradicional de vida dividido em três fases — estudar, trabalhar e aposentar-se — em favor de um ciclo contínuo de aprendizado, produtividade e cuidado com a saúde. O conceito de “ativos pessoais” foi apresentado como essencial para envelhecer com qualidade: ativos financeiros, habilidades, saúde física e mental e vínculos afetivos.

O painel também abordou ações para fomentar a previdência complementar, especialmente no regime fechado. Entre as iniciativas do Ministério da Previdência estão a regulamentação da inscrição automática em planos previdenciários — com base em evidências da economia comportamental — e a ampliação dos planos instituídos, que têm ganhado força no setor cooperativo e entre servidores públicos.

Nárlon concluiu destacando que, embora o sistema acumule cerca de R$ 3 trilhões em ativos, é fundamental garantir que esses recursos gerem poupança de longo prazo e renda futura. Para ele, fortalecer a previdência complementar é essencial para assegurar um envelhecimento digno e financeiramente sustentável.