Susep aprova nova minuta para regulamentação do seguro de vida universal
Modalidade mistura características do seguro de vida com previdência privada e vai à consulta pública para depois ser debatida com a Receita Federal
InfoMoney - 28 de Novembro de 2024A nova minuta para regulamentação do seguro de vida universal (“Universal Life”), modalidade que mistura características do seguro de vida com previdência privada, foi aprovada nesta quarta-feira (27) pelo conselho diretor da Susep (Superintendência de Seguros Privados), autarquia federal que regulamenta e fiscaliza o setor no país, anunciou o superintendente Alessandro Octaviani durante evento realizado pela Fenaprevi (Federação Nacional de Vida e Previdência Privada) em São Paulo.
Segundo Octaviani, os próximos passos incluem “passar a
minuta aprovada por uma consulta pública de 30 dias, para depois ser ajustada
internamente e levada ao Ministério da Fazenda e à Receita Federal”, que é onde
está a maior dificuldade para a aprovação final da modalidade, já que o “grande
gargalo é a interpretação tributária”, disse.
Como funciona?
De forma geral, a ideia é que o cliente que adquire o
produto pode fazer a acumulação de recursos, que são investidos pela
seguradora, e ainda tem o seguro de vida incluído. Vencido o prazo do contrato,
restam duas opções: resgatar o montante ou continuar contribuindo para aumentar
o patrimônio.
O valor pode ser usado da maneira que o segurado quiser —
pode resgatar no final do período ou usar o capital acumulado para quitar o
prêmio ou ainda fazer resgates
parciais.
Outra flexibilidade importante é que se o segurado não pagar
a apólice (contrato de seguro), a situação em si não cancela o produto
contratado pela característica de flexibilidade — a cobertura permanece, e as
mensalidades vão sendo compensadas a partir da reserva acumulada.
A diferença do Universal Life para os seguros de vida
tradicionais é que o capital segurado é composto de duas parcelas: capital
segurado de risco e capital segurado de acumulação. A primeira equivale a um
seguro estruturado no regime financeiro de repartição simples (seguro de vida
tradicional). Já a segunda refere-se ao saldo acumulado em Provisão Matemática
de Benefícios a Conceder (PMBAC) [semelhante a um VGBL].
Por se tratar de um mix no mesmo produto — capital
acumulado, patrimônio de risco e seguro de vida —, o mercado espera que a
Receita Federal resolva como se dará a tributação para iniciar as vendas por
aqui.
A modalidade é muito comum em países como os Estados Unidos,
onde cerca de 70% da população conta com algum tipo de seguro de vida. No
Brasil, apenas 20% da população conta com seguro de vida, ressaltou Octaviani,
destacando que “são dados constantes há alguns anos” e que é “algo estrutural a
ser resolvido”.
A elaboração de normativo com regras e critérios para
estruturação, comercialização e operacionalização do seguro de vida universal
era um dos principais temas propostos pela Susep em seu plano de regulação do
setor para 2024, que também tem como objetivo ampliar o acesso da população
brasileira ao seguro.