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Crescimento do setor de seguros deve cair à metade em 2025

Valor Econômico - 14 de Novembro de 2024

O setor de seguros no Brasil deverá crescer em 2025 a metade do ritmo registrado neste ano, segundo um estudo da resseguradora Swiss Re. Após um período de expansão, impulsionado inclusive por eventos como a tragédia no Rio Grande do Sul, o próximo ano será marcado por desafios como inflação alta e um Produto Interno Bruto (PIB) menor nas principais economias.

De acordo com o relatório da Swiss Re, o volume de emissões de prêmios no Brasil deverá registrar um avanço de 7% até dezembro deste ano, mas cairá para 3,6% em 2025. Na América Latina como um todo, a projeção é de uma desaceleração do crescimento de 7,6% para 3,8%.

Fred Knapp, diretor-presidente da Swiss Re no Brasil, destaca que fatores como a elevação das taxas de juros e a valorização do dólar podem impactar negativamente a penetração dos seguros no país. No entanto, há um lado positivo: a redução do desemprego deve contribuir para uma maior demanda por produtos de seguro e proteção.

Nos últimos meses, houve um aumento significativo nos preços dos seguros, que pode não se sustentar em 2025. Knapp aponta que as taxas cobradas tanto pelas resseguradoras quanto pelas seguradoras têm refletido essa alta, mas já se observa uma tendência de estabilização ou até mesmo de descontos.

Os segmentos de seguros de vida e saúde devem sofrer a maior desaceleração em 2025. A previsão é de que o crescimento passe de 7,7% em 2024 para 3,5% no próximo ano. Já os seguros de bens e responsabilidade civil devem registrar um avanço de 5,6% neste ano, caindo para 3,7% em 2025.

Apesar do cenário desafiador, o setor de seguros no Brasil está “bem estruturado em termos de reservas”, segundo Knapp. Entretanto, um dos principais desafios continua sendo o aumento da penetração no mercado. Atualmente, o setor representa apenas 6% do PIB brasileiro, incluindo a previdência.

No caso do Rio Grande do Sul, por exemplo, as indenizações após desastres naturais cobriram menos de 10% dos R$ 97 bilhões de prejuízos econômicos. Em toda a América Latina, a “lacuna de proteção” — ou seja, o que poderia ser segurado, mas não é — totaliza US$ 151 bilhões em prêmios não capturados.

Projeções indicam que o PIB da América Latina, excluindo Argentina e Venezuela, crescerá 2,2% em 2025, frente aos 2,5% esperados para 2024. No Brasil, assim como no Chile, a expectativa é de um crescimento de 2%. Já no México, a taxa deverá se manter estável em 1,8%, enquanto a Colômbia poderá crescer 2,4% devido à queda da inflação e à flexibilização da política monetária.

A inflação na América Latina, embora tenha recuado em relação ao pico de 2022, ainda deve se manter próxima ou acima das metas estabelecidas. Para o Brasil, a projeção é de uma inflação de 4% em 2025, ligeiramente abaixo dos 4,2% esperados para 2024.

A redução das taxas de juros nos Estados Unidos deve abrir espaço para que bancos centrais da região também reduzam suas taxas, mas de forma gradual devido à persistência da inflação e à depreciação das moedas locais. No Brasil, a política monetária deve continuar mais restritiva, com a Selic projetada para encerrar 2025 em 10,75%. Isso pode tornar ativos denominados em reais mais atraentes, mas a volatilidade cambial continuará sensível às incertezas políticas e ao humor dos investidores.