Número de beneficiários de planos de saúde atinge recorde de 51,4 milhões
Setor alcança máxima histórica, puxado por contratos empresariais, enquanto modalidades individuais e coletivas por adesão diminuem
CQCS - 07 de Novembro de 2024O número de beneficiários de planos de saúde em assistência médica no país alcançou 51.452.279 em setembro, um novo recorde, segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Foram mais 124.437 usuários na comparação com agosto, com um acréscimo de 794.932 vidas ante a setembro de 2023 ou 1,57% a mais.
No acumulado deste ano, o aumento é de 1,56%. Especialistas, contudo, avaliam que o crescimento está abaixo do potencial do setor e que é preciso debater caminhos para ampliar o acesso da população ao benefício.
O avanço foi puxado pela expansão na carteira dos planos coletivos empresariais, aqueles contratados por empresas para a cobertura de seus funcionários. Entre os meses de setembro do ano passado e deste ano, foram 1.108.632 beneficiários nessa modalidade.
Marcos Novais, diretor executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), explicou que o crescimento no número de beneficiários tem no mercado de trabalho seu principal motivador.
Ainda assim, mesmo nessa modalidade, o número de usuários da saúde suplementar não cresce na mesma intensidade do emprego no país.
— O crescimento do mercado de trabalho puxou a geração de 1,9 milhão de vagas no país em 2024. Mas os planos empresariais receberam pouco mais de 900 mil vidas. Ainda tem trabalhador que não conta com o benefício, mas poderia ter — pontuou Novais, frisando que o setor sempre terá os planos de saúde empresariais como carro-chefe.
Acesso em debate
Na avaliação do executivo, o crescimento é importante, porém poderia ser bem maior, considerando que o plano de saúde é, segundo pesquisas, um dos serviços mais desejados pela população brasileira.
Na comparação com dezembro de 2014, portanto quase uma década atrás, o avanço no conjunto de beneficiários de planos de saúde fica em 1,82% ante os 50,53 milhões daquele período. É avanço pífio, na opinião de Adriano Londres, sócio-fundador da consultoria Arquitetos da Saúde.
— A reflexão que temos de fazer é: será que teria sido assim, se não fosse a pandemia e o receio (do usuário) de ficar desassistido? Quando o setor vai se desarmar para discutir caminhos para gerar acesso? — indagou Londres. — Estamos patinando.
Destravar gargalos
Na avaliação dele, é preciso iniciar um debate de forma equilibrada, com embasamento técnico para traçar caminhos para ampliar acesso, entendendo se é preciso debater segmentação de produtos, identificar e destravar gargalos, verificar se é preciso rever a metodologia de reajustes de planos individuais, encaminhar ações estruturantes, por exemplo.
Enquanto os planos coletivos empresariais avançam, os dados coletados pela ANS mostram retração nos planos individuais e familiares, com menos 46.396 beneficiários entre setembro de 2023 e igual mês deste ano.
As grandes operadoras vêm reduzindo a oferta dessa modalidade sob o argumento de que o reajuste com teto fixado pela agência reguladora torna esses planos deficitários. Ao todo, 8,76 milhões de brasileiros integram a carteira de individuais.
‘Porta de entrada’
Também houve contração nos planos de saúde coletivos por adesão, aqueles contratados via entidades de classe, com menos 290.971 beneficiários entre setembro de 2023 e deste ano, somando 5,9 milhões de vidas.
Novais, da Abramge, pondera que houve entrada de beneficiários em planos individuais e coletivos, mas não foram suficientes para repor essa saída de usuários. Ele também defendeu uma ampla discussão para ampliar acesso a planos individuais:
— Há muitas discussões que vamos precisar travar aqui, como sobre modelo de reajuste, a falta de produto “porta de entrada”, com cobertura para consultas e exames, o que a regulação não permite hoje, entre outros.