Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
QUARENTA DIAS SEM DIRETORIA
No dia seguinte à posse, o novo governo exonerou mais de mil e quatrocentos funcionários, ocupantes de cargos chaves nos mais variados órgãos da administração federal. 17 de Fevereiro de 2023No dia seguinte à posse, o novo governo exonerou mais de mil e
quatrocentos funcionários, ocupantes de cargos chaves nos mais variados órgãos
da administração federal. Entre eles foram exonerados o Superintendente e toda
a diretoria da SUSEP (Superintendência de Seguros Privados). Ao perceber que a
autarquia ficaria acéfala, o governo renomeou um dos exonerados, indicando-o
para Superintendente Interino. Desde então, o barco navega nessa toada, sem mar
bravo, mas sem a tripulação completa. E isso é arriscado.
O problema não está na gestão do Superintendente Interino. Ao contrário,
ele está se saindo muito bem, dando conta do recado e administrando a SUSEP com
competência e habilidade, tanto que até agora não surgiu nenhum problema ou um
mero ruído na gestão do órgão.
Funcionário de carreira, com mais de 20 anos de estrada, Carlos Queiroz é
formado em economia e direito e conhece os meandros da autarquia e as manias do
mercado. Com seu currículo consistente e a prática que o último ano como
diretor lhe deu, vai se saindo bem, fazendo sua parte com a competência necessária
para evitar alguma mudança de rumo súbita ou algum problema capaz de afetar o
setor de seguros.
Sob sua batuta a SUSEP segue tocando os projetos anteriormente aprovados
e com as rotinas necessárias para permitir que o setor funcione regularmente,
sem surpresas ou sobressaltos.
Então, a razão do artigo não é a crítica ao que está sendo feito. Não, não
é por aí. O que o artigo cobra é velocidade do governo para indicar o novo Superintendente
e a sua diretoria para que a SUSEP possa atuar de forma colegiada, com o vigor
necessário para enfrentar os desafios que estão à sua frente e que não são
poucos, nem pequenos. Afinal, são mais de quarenta dias no limbo.
O setor de seguros brasileiro tem como principal desafio aumentar a
capilaridade de seus produtos na sociedade. A penetração atualmente é pequena e
isso precisa ser atacado, começando pela criação de novas apólices, mais afinadas
com a realidade nacional, e produtos para segmentos que atualmente não são
atendidos. Além disso, é fundamental que o setor e o que ele faz sejam mais
conhecidos pela sociedade.
Para que isso possa acontecer, mantendo a velocidade e o vigor
necessários, é indispensável que a SUSEP esteja aparelhada para fazer sua parte
como xerife do mercado.
Ninguém discute, política é o nome do jogo em Brasília e a SUSEP é uma
carta importante na mão do governo para negociar posições e apoios que lhe são
indispensáveis. Todavia, o setor de seguros fatura quase meio trilhão de reais
por ano e tem reservas de mais de um trilhão e meio de reais, grande parte delas
investida em títulos públicos federais.
Não tem cabimento uma atividade com essa relevância, em nome da política,
ter seu ritmo de desenvolvimento desnecessariamente reduzido. É mais do que
hora do governo nomear a nova diretoria da autarquia. Só com ela empossada e atuante
os desafios serão efetivamente enfrentados pelos demais players do setor.