Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
2024 PROMETE
Brasil entra em 2024 otimista e com boas possibilidades de mais uma vez surpreender os analistas 05 de Janeiro de 2024O começo de todo ano é um momento de esperança, de sonhos aguardando se
transformarem em realidade, de boa vontade, mesmo numa época em que a
radicalização social nos coloca em polos opostos.
A possibilidade de um novo começo ou da retomada da marcha é
invariavelmente um marco otimista na vida das pessoas. É isso que nós vivemos
agora, com um ponto a nosso favor. O ano que terminou acabou melhor do que
começou para o país como um todo. O Brasil do início de 2023 era uma nação
muito mais belicosa do que o Brasil do fim de dezembro. Agora ainda temos
rusgas mais ou menos sérias entre o Judiciário e o Legislativo, mas as outras
diferenças entre os Três Poderes foram se acalmando e o diálogo vai permitindo
que as composições ocorram, abrindo uma estrada mais plana para o
desenvolvimento nacional.
Vários problemas estão sem solução e alguns deles simplesmente não terão
solução, mas isso não é razão para o factível não ser implementado. Aqui vale
um elogio para o Ministro da Fazenda, que, com jeito e competência, conseguiu
negociar com o Legislativo, mesmo tendo o próprio partido fazendo oposição às
suas posições.
Nem tudo saiu como ele queria, mas política é assim mesmo e a capacidade
de negociar faz parte do jogo. Logo, ceder um pedaço para conservar o essencial
é regra adotada não só pelos políticos, mas também pelos diplomatas. E nisto
Fernando Haddad foi bem-sucedido.
É verdade, ele não vai emplacar o déficit zero, mas, entre secos e
molhados, o Brasil entra em 2024 otimista e com boas possibilidades de mais uma
vez surpreender os analistas, conseguindo um desempenho melhor do que o inicialmente
imaginado.
A favor disso temos a reversão do humor internacional, com os países
desenvolvidos revendo para cima os prognósticos que apontavam um momento de
crescimento mesquinho. Temos também a queda progressiva dos juros nacionais,
sinalizando que o Banco Central compartilha da visão mais otimista para o país
ao longo do ano. O resultado dessa soma é a Bolsa de Valores estar em seu nível
histórico mais alto e o dólar estar abaixo de cinco reais.
É verdade, o cenário não é feito só de notícias boas. Temos gargalos
delicados que precisam ser enfrentados, começando pela falta de infraestrutura
para suportar um crescimento mais consistente. Não tem como crescer sem o
aumento da geração e da distribuição de energia elétrica; sem o aumento da
malha logística; sem uma melhor adequação dos sistemas de abastecimento de água
e coleta de esgotos.
Também temos o desafio das mudanças climáticas e dos eventos
catastróficos decorrentes delas, sejam secas, excesso de chuvas, tempestades,
vendavais, desmoronamentos, deslizamentos de terras, enchentes e outros,
capazes de causar danos nos universos urbano e rural.
Teremos que lidar com eles e com as perdas e tragédias resultantes de sua
ocorrência. Mas, entre secos e molhados, ainda que pagando um alto preço pelo
que não foi feito e pelo que não depende de nós, 2024 tem tudo para ser um ano
em que as coisas corram relativamente bem para a sociedade brasileira,
inclusive com a adoção de medidas concretas para reduzir as desigualdades que
nos fazem um país socialmente injusto.