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Seguros paramétricos ganham espaço em mundo de extremos climáticos

Especialistas advertem no entanto para necessidade de medidas complementares para garantir sucesso de iniciativas e proteção de população mais vulneráveis

UOL - 23 de Maio de 2023

Kamlaben Ashokbhai Patni é uma das 21 mil mulheres autônomas no estado de Gujarat, na Índia, inscritas em um dos primeiros esquemas de seguro para calor extremo, lançado este mês pela organização sem fins lucrativos Arsht-Rock Foundation Resilience Center em parceria com a startup de microsseguros Blue Marble e um sindicato.

Se as temperaturas subirem para um nível acima das médias históricas e permanecerem neste patamar por três dias, ela recebe um pequeno pagamento para a ajudar a lidar com o problema e compensar a perda de renda do seu negócio de venda de bijuterias em uma feira local.

Com os chamados seguros “paramétricos” não há necessidade de comprovação de perdas, diferente do que acontece com os seguros tradicionais, e que ainda podem levar meses para serem pagos. A nova modalidade pode pagar dias depois de um gatilho que foi acordado ser atingido.

Durante a COP27, realizada no ano passado no Egito, organizações sem fins lucrativos pediram às nações mais ricas que ajudassem a financiar seguros paramétricos como forma de compensar as vítimas dos extremos climáticos. Em 2022, novos produtos foram lançados na América Latina, África e na Ásia e no Pacífico. O Fundo de Desenvolvimento de Capital da ONU, por exemplo, desenvolveu recentemente políticas paramétricas para Vanuatu, Tonga e Fiji cobrindo danos causados ​​por ciclones.

A resseguradora Swiss RE informou que as vendas de produtos paramétricos aumentaram 40% entre 2021 e agosto de 2022. Já a Allied Market Research estima que o mercado, avaliado em US$ 11,7 bilhões em 2021, pode chegar a US$ 29,3 bilhões até 2031.

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Essa forma de assistência está aumentando em todo o mundo em desenvolvimento à medida que comunidades vulneráveis ​​são atingidas pelo agravamento da seca, inundações e ondas de calor, informa a Reuters. No entanto, com o rápido avanço das mudanças climáticas, danos cada vez maiores sendo causados, e muito pouco dinheiro sendo gasto na proteção das populações mais expostas, projetos como estes podem enfrentar dificuldades a longo prazo, de acordo com mais de 20 especialistas do setor consultados pela agência.

 

O Programa de Seguro Pecuário do Quênia, por exemplo, apoiou pastores atingidos pela seca com US$ 8,8 milhões em pagamentos entre 2015 e 2021. Mas com apenas US$ 8,1 milhões arrecadados em prêmios, o esquema funcionou com prejuízo e foi substituído este ano por uma alternativa que oferece outros produtos de poupança financeira além de seguros.

Uma forma de evitar pagamentos constantes, dizem os analistas do setor, é os governos implementarem melhores estratégias de adaptação climática como, por exemplo, plantando colheitas mais resistentes à seca ou construindo casas mais frescas para proteger as pessoas contra as altas temperaturas.

'A beleza do paramétrico é que ele paga tão rapidamente e é incrivelmente flexível', disse Kathy Baughman McLeod, diretora do Arsht-Rock Foundation Resilience Center, que cobre o prêmio de US$ 10,30 por pessoa em Gujarat. 'Mas precisa ser combinado com ações ou ferramentas que reduzam o risco.'