CNP e Correios se juntam para venda de seguros
CNP e Correios se juntam para venda de seguros
Valor Econômico - 22 de Setembro de 2023A CNP Seguradora e os Correios formalizam hoje a parceria de exclusividade na distribuição de seguros pela rede de agências e outros canais da empresa pública de logística. O grupo francês venceu a licitação em junho com um lance de R$ 155 milhões. O acordo vale por dez anos.
A CNP e os Correios tinham um acordo anterior de
distribuição não exclusiva de títulos de capitalização e assistência
odontológica. A nova parceria prevê exclusividade para a filial brasileira do
grupo francês na distribuição de produtos securitários pela rede de agências e
mais canais da companhia de logística.
Em entrevista ao Valor, o CEO da CNP Seguradora, François
Tritz, enfatizou se tratar de uma parceria de longo prazo, com potencial de se
tornar estrategicamente tão relevante quanto a que o grupo tem com a Caixa
Econômica Federal. A companhia manteve durante 20 anos a exclusividade de
distribuição de seguros na rede do banco. Quando o contrato terminou, a Caixa
relicitou o balcão.
No novo processo, a CNP firmou “joint ventures” com o banco
para distribuição de seguros de vida e prestamista, além de previdência privada
e consórcios. Os Correios, de acordo com a companhia, têm presença física em
todos os mais de 5,5 mil municípios do país. “Junto com o ‘bancassurance’
[distribuição pela rede de agências bancárias], estamos desenvolvendo o
‘postassurance’ [venda de seguros pela rede postal]”, diz o executivo.
“Trata-se de um modelo completamente novo, que vamos desenvolver em conjunto com
os Correios”, afirma Tritz.
O CEO da CNP Seguradora explica que a estratégia para a rede
de agências dos Correios é focada em seguros massificados e microsseguros, ou
seja, produtos com custo mais baixo e acessível, com potencial maior de
inclusão de pessoas com pouco ou nenhum acesso ao mercado de seguros. “Vamos
comercializar produtos de vida e não vida, como microsseguro residencial,
auxílio funeral e outros. A ideia é que essas proteções custem, em média, R$ 20
ao mês, ou seja, tenham um custo muito acessível.” Os produtos terão custo a
partir de R$ 9,90.
Para Tritz, outro ponto importante da operação é a rapidez
na contratação. “Temos uma meta de que todo o processo desde a explicação até a
contratação efetiva dure no máximo cinco minutos”, diz. “Teremos promotores que
vão explicar os produtos para os agentes dos Correios.” Na visão do presidente
dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, o acordo tem alinhamento com as funções
sociais da companhia, de levar serviços diversificados à população. “A parceria
tem como objetivo aumentar as receitas para a empresa, mas também popularizar o
seguro”, afirma. De acordo com o executivo da estatal, “de cada dez
brasileiros, apenas um tem seguro”.
O CEO da CNP acrescenta ainda que a capilaridade da rede de
agências traz potencial muito grande de inclusão securitária para a população
de renda mais baixa. “Os Correios, com sua presença em todos os municípios, têm
capacidade de alcançar mais da metade da população brasileira”, ressalta.
Santos, dos Correios, afirma que, em termos de possibilidade
de distribuição de produtos, até mesmo a base de carteiros ligados ao grupo
poderá ser utilizada no futuro. “Temos mais de 40 mil profissionais que
poderão, eventualmente, ajudar na distribuição dos produtos de porta em porta”,
pondera o executivo.
Conforme o presidente dos Correios, a parceria se insere em
uma estratégia de diversificação de receitas e produtos da companhia. “Os
seguros são um dos componentes de um novo ecossistema que estamos construindo,
com mais produtos e serviços”, afirma o dirigente. “É a primeira de várias
parcerias que vamos firmar”, acrescenta.
O executivo avalia que aumentar o acesso a proteções
securitárias à população se alinha ao papel social da companhia. “Além de
ofertar produtos mais baratos, podemos ajudar a conscientizar as pessoas sobre
a importância dos seguros e da prevenção e redução de riscos”, afirma. Tritz,
da CNP, explica que um dos desafios da parceria está no desenvolvimento
conjunto da tecnologia para dar apoio à operação. “Esse investimento
tecnológico é importante para assegurar que a venda não dure mais do que cinco
minutos. Além disso, temos um foco em criar uma jornada simples, eficiente e
agradável ao cliente”, diz.
Segundo o CEO da seguradora, existe a previsão de
lançamento, até o primeiro trimestre de 2024, de novos canais digitais, além de
um aplicativo móvel para facilitar tanto a consulta às informações quanto o
relacionamento do segurado com o grupo.
De acordo com Santos, dos Correios, a proposta do acordo
prevê o acréscimo gradual de novos produtos. “Estamos iniciando a parceria com
uma quantidade específica de seguros, mas podemos evoluir para uma gama muito
maior de produtos”, diz o presidente da estatal. O executivo também enxerga
grande potencial para a geração de dados na operação de seguros. “Estamos nos
preparando, com investimento em tecnologias como inteligência artificial e
análise de dados para melhor utilizar essas informações tanto no negócio quanto
no atendimento à população”, afirma.