O TEMA QUE NÃO QUER CALAR
Não tem como, as mudanças climáticas se recusam a sair das pautas da imprensa em geral. Mal acabam as tempestades de verão no sul e no sudeste, eis que já começam tempestades no nordeste. Menos de um ano depois, boa parte da Zona da Mata de Pernambuco sofre com as chuvas torrenciais que inundam cidades inteiras, avançando o limite estabelecido pelas chuvas do ano passado.
E quem achava que o sul e o sudeste estavam livres das águas e dos ventos, precisa tomar cuidado com tanto otimismo, porque o que se vê não é exatamente isto. Pelo contrário, a meteorologia ainda não disse que a região está livre destes eventos. E o que se sente na pele mostra que os estudiosos dos fenômenos climáticos estão corretos em manter os alertas e a possibilidade real destas ocorrências bem viva nos programas de previsão do tempo.
Quem imagina que as chuvas são boas para o campo não sabe do sofrimento de centenas de produtores rurais que perderam uma fortuna com as plantações de soja destruídas pelo excesso de chuva.
E ninguém sabe o que vai acontecer no inverno, seja no sul, no leste, no norte ou no oeste.
A verdade indiscutível é que o clima mudou no mundo e mudou no Brasil. Se os Estados Unidos, no primeiro dia da temporada, já foram varridos por tornados gigantescos, o Brasil vai vendo, ano após ano, os estragos causados pelas chuvas aumentarem de proporção.
A diferença fundamental é que eles têm seguros garantindo pelo menos uma parte das indenizações, enquanto nós mal e mal sabemos que este tipo de garantia existe e, pior ainda, que a maioria das apólices brasileiras tem vários destes riscos cobertos por suas cláusulas.
Se hoje alguém tem alguma certeza sobre o que vai acontecer em função das mudanças climáticas que afetam o planeta é que ainda vai ficar muito pior, antes de começar a melhorar.
Para o setor de seguros é um cenário complexo. Com certeza as indenizações vão continuar subindo e algumas coberturas, em função da sinistralidade exacerbada, desaparecerão de lugares onde eram regularmente contratadas.
De outro lado, é nos momentos mais complicados que as grandes soluções surgem e modificam completamente realidades tidas por imutáveis.
O Brasil precisa de seguros. Não só contra mudanças climáticas, mas contra todo tipo de riscos. O novo patamar de desenvolvimento social impõe este “up grade”, inclusive porque, se ele não acontecer, as recentes conquistas sociais ficam ameaçadas, podendo jogar de volta na pobreza milhares de pessoas que nos últimos anos ascenderam socialmente.
Várias apólices atualmente comercializadas em poucos anos estarão superadas, tanto em abrangência de coberturas, como em preço. Novos produtos surgirão, dando nova dinâmica ao setor e redesenhando as regras em uso hoje.
Entre as necessidades mais prementes está justamente um tratamento adequado dos seguros que cobrem as consequências das catástrofes naturais, em todos os campos.
É hora de arregaçar as mangas e desenvolver estes produtos. Com o setor de resseguros aberto, não tem sentido o país adiar a possibilidade de minorar seus prejuízos.
Antonio Penteado Mendonça