Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
AS TRÊS AMEAÇAS PARA A HUMANIDADE
Tem gente que imagina que, diante dos desafios que a humanidade tem pela frente, o planeta está ameaçado. Não está. Quem está ameaçada é a espécie humana e eventualmente outras espécies que pegariam carona no estrago. 26 de Julho de 2024Tem gente que imagina que, diante dos desafios que a humanidade tem pela
frente, o planeta está ameaçado. Não está. Quem está ameaçada é a espécie
humana e eventualmente outras espécies que pegariam carona no estrago. O
planeta seguirá girando ao redor do sol, como faz há bilhões de anos, com os
percalços que podem afetar um corpo celeste em sua órbita no universo.
O mesmo não pode ser dito quanto ao futuro da humanidade. Seja o impacto
com um asteroide ou a erupção gigantesca de um vulcão que tapasse a atmosfera,
seja uma pandemia devastadora ou uma pane cibernética, nós poderíamos
desaparecer, mas o planeta seguiria em sua órbita e provavelmente outra forma
de vida ocuparia o nosso lugar, como ocupamos o lugar dos dinossauros, que até
agora foram mais bem sucedidos do que nós e dominaram a terra por mais de 200
milhões de anos.
As ameaças estão aí. São reais, gigantescas, ingovernáveis e muito mais
complexas do que nos mostram os filmes de catástrofes, onde, de um jeito ou de
outro, no final, o ser humano sai vitorioso da prova a que foi submetido. No
mundo real, a possibilidade de sairmos vitoriosos é bem menor.
Existem três grandes grupos de riscos que ameaçam nossa sobrevivência, ou
pelo menos os padrões de vida a que nos acostumamos. Riscos à saúde, riscos de
catástrofes naturais e riscos cibernéticos.
Os riscos à saúde estão aí, nas várias doenças e ameaças à nossa vida. O
mais recente exemplo do que isto pode significar foi a pandemia do coronavírus.
Milhões de pessoas foram afetadas e até hoje as sequelas e possíveis
consequências do vírus estão sendo estudadas e podem ser muito mais sérias do
que imaginamos. O número de intercorrências cardíacas, embolias, acidentes
vasculares cerebrais e outras no gênero cresceram muito depois da chegada da
Covid. Será que tem relação ou é apenas acaso? Como o acaso não existe, ficar
esperto pode ser a melhor solução, até porque os especialistas já falam na
certeza de uma nova pandemia, mais severa do que o coronavírus. Só não sabemos
quando ela vai chegar.
As catástrofes naturais receberam a ajuda importantíssima do aquecimento
global e das mudanças climáticas. As tempestades e as secas castigam, por
exemplo, o Brasil. Mas estamos longe de ser a única nação a sofrer com elas ao
redor do planeta. Os furacões estão mais fortes, os incêndios florestais se
espalham, a elevação do nível do mar pode se tornar irreversível em pouco tempo
e, mais grave do que tudo, o aquecimento excessivo da temperatura pode
transformar vastas áreas atualmente densamente povoadas em regiões inabitáveis
para nós.
Quanto aos riscos cibernéticos, o mundo acaba de viver dias de caos por
conta de uma falha na atualização do sistema de uma única empresa. De repente
descobrimos que as defesas são mais frágeis do que supúnhamos. Não temos um
sistema baseado em redundâncias, não temos alternativas para atuações paralelas
capazes de reorganizar a perda de controle. Um problema relativamente pequeno
diante do todo pode desencadear o caos no planeta, para não falar em outras
consequências, como o disparo de armas nucleares em função de um comando extemporâneo.
Sem dúvida nenhuma, estes são os desafios da humanidade e são também os
desafios do setor de seguros. Os grandes riscos, portanto, as grandes
indenizações estão neles.