Corretores respondem por cerca de 80% dos negócios
Profissionais sabem identificar demandas locais específicas e propor novos produtos para as seguradoras
Valor Econômico - 31 de Janeiro de 2022As seguradoras afirmam estar de mãos dadas com os corretores no sistema aberto de seguros. É consenso no setor que esses profissionais de vendas, hoje responsáveis por 78% da comercialização no Brasil, têm um papel fundamental em difundir a cultura de seguros num país que se esforça há décadas para elevar o consumo per capita dos produtos e serviços, hoje em US$ 271, muito abaixo da média mundial de US$ 809, segundo estudo da Swiss Re.
Muitos apostavam que bastava investir em tecnologia para
democratizar o seguro. Foi quando surgiram as insurtechs. Investiram em
plataformas e melhores experiências para os consumidores.
Matteo Carbone, considerado um dos principais
influenciadores de insurtechs do mundo, afirmou no evento CQCS Insurtech
Innovation, realizado em São Paulo em novembro, que as novatas acreditavam no
início que se o consumidor tivesse uma experiência satisfatória em uma
interface amigável seria suficiente para garantir vendas e trazer novos
clientes. Agora, segundo ele, o que se percebe é que as novatas acreditam que
podem ter um desempenho melhor ainda se contarem com o trabalho de corretores e
agentes.
Boris Ber, presidente do Sindicato dos Corretores de São
Paulo (Sincor-SP), o maior do Brasil, acredita que o open insurance, apesar de
ser parecido com o modelo do open banking, apresenta uma tentativa de evolução.
“A principal diferença entre os modelos é que o open banking é uma relação B2C,
a empresa com o cliente”, afirma. “No caso do open insurance, é um B2B2C,
porque tem a figura do corretor que faz uma análise, não somente uma cotação.”
Mesmo com questionamentos sobre as novas regras, os
corretores estão a todo vapor. A Wiz Solutions, por exemplo, anunciou várias
parcerias, entre elas com BRB, BMG, Banco Inter e Caoa. Em consórcios, fechou
com o Banco do Brasil, informa Carla Nabarrete, diretora de estratégia,
marketing e tecnologia.
A tendência de crescimento do corretor é tão positiva no
Brasil que investidores estrangeiros compram participações em grupos para
entrar no país. A americana Acrisure, uma das dez maiores corretoras de seguros
globais, fechou a aquisição da plataforma brasileira It’sSeg, que atua na mesma
área no país, em outubro. O objetivo traçado para os próximos três anos é
dobrar o tamanho da companhia. O valor do negócio não foi revelado.
O que as seguradoras têm comprovado na prática é que o
corretor tem o poder de identificar demandas locais específicas e propor novos
produtos para as seguradoras. A Liberty Seguros, por exemplo, criou um conselho
de corretores, para debater junto com esses profissionais as principais
demandas dos seus clientes. Com base nesses encontros, vários produtos e
serviços foram lançados nos últimos dois anos.
A CEO Patricia Chacon afirma em suas entrevistas que sua
gestão tem como objetivo acelerar a jornada de transformação digital para que
os corretores tenham mais autonomia e agilidade e assim possam aumentar as
vendas e desenvolver suas carreiras.