Busca por seguro residencial cresce com mudança no clima
Em quatro anos, operações com apólices que protegem imóveis crescem 25% em todo o País. Cerca de 12,7 milhões de casas têm algum tipo de proteção
O Estado de S. Paulo - 13 de Novembro de 2023A cidade de São Paulo foi duramente afetada pelas chuvas da última semana, que com ventos de mais de 100 km/h deixou árvores e postes caídos, abrigos de ônibus destruídos e muitas casas destelhadas. Pelo menos 50 mil pessoas foram diretamente atingidas e sete morreram. O fenômeno assustou ainda mais em razão de o período das chuvas na região Sudeste ser de dezembro a fevereiro, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Com o aumento desse tipo de ocorrência, mais brasileiros têm
procurado seguros residenciais, conforme levantamento da Federação Nacional de
Seguros Gerais (FenSeg).
A instituição aponta que houve uma elevação de 25% no Índice
de Penetração (IP) deste tipo seguro entre 2017 e 2021 – data do dado mais
recente disponível. A participação, que era de 13,6% no primeiro ano da série
histórica, pulou para 17%, o que representa 12,7 milhões de residências
seguradas em todo País.
Segundo a pesquisa, em 2021 a região do País com maior
participação foi a Sul, com 29,7%, seguida de Sudeste (22,3%), Centro-Oeste
(12,9%), Nordeste (7%) e Norte (4,6%). No caso dos Estados, Santa Catarina
(27,1%), Paraná (22,7%) e Distrito Federal (21,8%) aparecem na frente.
O levantamento da FenSeg cruzou dados das 61 seguradoras que
comercializam o seguro residencial no País com números do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) e da Superintendência de Seguros Privados
(Susep).
Conforme a FenSeg, as coberturas mais comercializadas dentro
do seguro residencial são incêndio, danos elétricos, vendaval, roubo e
responsabilidade civil. No entanto, apenas 10% das apólices contratadas
atualmente incluem a cobertura de desmoronamento, enquanto a de alagamento
representa menos de 1% do total.
O levantamento também conclui que os serviços emergenciais,
presentes em todos os contratos desse tipo de seguro, são cada vez mais
acionados pelos clientes. Entre eles, estão chaveiro, encanador, eletricista,
vidraceiro, desentupimento, conserto de aparelhos e outros.
SEGURANÇA. Para o Head Patrimonial da EQI Investimentos,
Carlos Eduardo Biagioni, vale a pena ter seguro residencial.
“Estes acontecimentos são fatores que independem da vontade
do cliente, como catástrofes, temporais, incêndios e apagões. É uma forma de
mitigar os riscos”, diz.
Ele explica que a seguradora está preparada,
financeiramente, para absorver os impactos que surjam. “Além disso, possuir
seguro residencial também é um tipo de ‘plano b’”, explica, citando uma “quase”
reserva de emergência. “Esse mercado tem crescido muito desde a pandemia,
principalmente por conta do home office, afinal de contas a população começou a
perceber o quanto precisa de seus bens.”
Em relação às coberturas, existem inúmeras, sendo que as
mais procuradas são o seguro contra incêndio, seguido do que cobre para danos
elétricos, bem como roubo. “Existe ainda as assistências que o próprio seguro
te coloca, como assistência chaveiro, encanador e outros serviços. No meu ponto
de vista, os seguros acabam complementando a estratégia financeira de uma
família”, frisa.
CUSTO-BENEFÍCIO. De acordo com Bruno Motta, sócio da Globus
Seguros, o custo-benefício de um seguro de casa deve ser levado em
consideração, e somente este fator já faz valer a pena ter uma apólice. “O
serviço costuma ser vantajoso e tem preços atrativos”, diz.
Em relação ao potencial do mercado, ele estima que 60% ou
mais dos imóveis existentes não possuem seguro. É uma questão cultural, afirma,
acrescentando que embora seja um risco diferente do seguro para automóveis,
onde o consumidor contrata o seguro com uma taxa ao ano de aproximadamente 6%
do valor do veículo, o custo do seguro residencial tem em média 0,2% de taxa ao
ano sobre o valor de reconstrução do bem, mais o conteúdo, dependendo das
coberturas contratadas.