Clima catastrófico eleva perdas seguradas ao maior nível desde 2017
As perdas seguradas globais em 2024 atingiram o maior nível desde 2017, somando US$ 140 bilhões, mais que o dobro da média de 30 anos
Valor Econômico - 10 de Janeiro de 2025As perdas seguradas globais em 2024 atingiram o maior nível desde 2017, somando US$ 140 bilhões, mais que o dobro da média de 30 anos, de cerca de US$ 60 bilhões, segundo dados divulgados pela resseguradora Munich Re. Os furacões Milton e Helene, que devastaram os Estados Unidos, foram os desastres naturais mais caros do ano.
O ano de 2025 começou com incêndios florestais devastadores em Los Angeles, que podem superar as perdas financeiras de 2024. Incêndios em Santa Monica e Malibu estão consumindo imóveis de alto valor, em áreas onde o preço médio das casas ultrapassa US$ 2 milhões, e já causaram perdas econômicas estimadas entre US$ 52 bilhões e US$ 57 bilhões, segundo a AccuWeather.
Esses incêndios, somados a enchentes e tempestades severas, são exemplos de “riscos não sazonais de pico”. Cientistas afirmam que esses eventos têm maior probabilidade de intensificação devido às mudanças climáticas. Eles também são mais difíceis de transferir para mercados de capitais na forma de produtos financeiros, como bônus de catástrofe, em comparação com os riscos sazonais, como furacões.
Tobias Grimm, cientista climático da Munich Re, destacou que os riscos não sazonais de pico vêm aumentando significativamente, representando uma parcela maior das perdas seguradas. Ele atribui isso ao aumento das temperaturas globais, que tornaram 2024 o ano mais quente já registrado, com uma média global de 1,62°C acima dos níveis pré-industriais.
A mudança climática está desestabilizando padrões climáticos anteriormente considerados normais. No ano passado, inundações extremas em Dubai e Valência, na Espanha, causaram bilhões de dólares em perdas seguradas e a morte de mais de 200 pessoas. “Dubai não era considerado um ponto crítico de inundações”, observou Grimm, ressaltando a frequência crescente de eventos climáticos extremos.
O furacão Milton, que atingiu a Flórida em outubro, gerou US$ 25 bilhões em perdas seguradas. Apesar disso, evitou atingir a área metropolitana de Tampa, o que poderia ter causado danos ainda maiores. Já o furacão Helene resultou em perdas de US$ 16 bilhões algumas semanas antes.
Os danos totais com desastres naturais em 2024 alcançaram US$ 320 bilhões, o maior número desde 2021. Catástrofes climáticas foram responsáveis por 93% das perdas totais e 97% das perdas seguradas. Tragicamente, cerca de 11.000 pessoas perderam a vida devido a desastres naturais no ano passado.
Seguradoras estão ajustando sua atuação em áreas de maior risco. Embora algumas companhias recuem de regiões altamente vulneráveis, Tobias Grimm afirmou que todo risco pode ser segurado, desde que os prêmios sejam ajustados. A Munich Re, por exemplo, não exclui regiões da cobertura em função das mudanças climáticas.
A crescente frequência e intensidade de desastres naturais refletem a necessidade urgente de adaptação às mudanças climáticas, tanto para o setor de seguros quanto para a sociedade como um todo.