Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
BALANÇOS POSITIVOS
As seguradoras acabam de publicar seus balanços referentes a 2023. Em média, são balanços positivos, com números significativamente melhores do que os números de 2022. 01 de Março de 2024As seguradoras acabam de publicar seus balanços referentes a 2023. Em
média, são balanços positivos, com números significativamente melhores do que
os números de 2022.
Num certo sentido, não tem nada de novo debaixo do sol. O mercado sabia
que o crescimento havia sido de dois dígitos. É isso que os balanços refletem e
dão a exata dimensão. É evidente que os desempenhos não foram iguais. Algumas
companhias tiveram resultados melhores, outras tiveram números absolutos
maiores e algumas tiveram resultado negativo.
De qualquer forma, no todo, houve uma virada importante, com companhias
que não foram bem em 2022 mostrando de novo números consistentes, entre elas,
algumas seguradoras maiores que no exercício anterior amargaram prejuízos.
O que levou à mudança do quadro? A razão, como costuma acontecer, não é
uma, mas várias. Desde o desempenho da economia brasileira até medidas pontuais
para limpar as carteiras tiveram impacto no resultado final.
Mas não é possível desconsiderar o desempenho da economia como o fator
mais relevante para justificar o desempenho da atividade seguradora. O Brasil
cresceu mais do que as previsões diziam que aconteceria, o desemprego caiu para
patamares baixos, a taxa de juros vem caindo constantemente, a renda das
famílias aumentou, o otimismo tomou conta do mercado e o país acabou se saindo muito
melhor do que as primeiras análises apontavam.
Com a economia aquecida, houve uma demanda por novos seguros, além,
evidentemente, da renovação dos seguros já existentes. A soma dos dois
movimentos impulsionou o faturamento das seguradoras, que, de outro lado,
haviam tomado uma série de providências para melhorarem seus desempenhos,
reduzindo a sinistralidade, equacionando custos e adotando novas tecnologias
capazes de aumentar a eficiência operacional.
Além disso, quando se fala em queda dos juros, não quer dizer que eles
estejam baixos. Ao contrário, seguem sendo dos mais altos do planeta. Isso
também tem um impacto positivo importante no resultado das companhias de
seguros.
Uma seguradora é a gestora de um grande volume de recursos, alocados num
fundo formado pelo pagamento das apólices de todos os segurados. É o princípio
do mutualismo que embasa a operação de seguros. É desse fundo que a companhia
retira os recursos necessários para custear suas despesas, a começar pelo
pagamento das indenizações até terminar no imposto de renda que incide sobre o
lucro.
Esse dinheiro é aplicado e rende juros. Como os juros estão altos, a
rentabilidade das aplicações é alta e esse resultado também integra o negócio,
impactando positivamente a última linha do balanço.
Como as perspectivas para 2024 são boas, é de se esperar que neste ano as
seguradoras repitam o desempenho que os balanços vêm mostrando. Nesta toada, é
possível dizer que o plano desenvolvido pelo mercado no ano passado, que deve
catapultar a participação do seguro no PIB para perto de 10% em 20230, é
perfeitamente viável.