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Joaquim Neto
Joaquim Neto

Gerente de Produtos Agro da Tokio Marine 

Seguro Rural: mercado deve continuar a se expandir

O seguro rural vem ampliando de forma significativa a sua cobertura, transformando-se em uma das frentes mais promissoras da indústria seguradora.
23/11/2020

O seguro rural vem ampliando de forma significativa a sua cobertura, transformando-se em uma das frentes mais promissoras da indústria seguradora. Na visão do presidente da Comissão de Seguro Rural da Fenseg, Joaquim Neto, esse crescimento é resultado de uma combinação de fatores, como o aumento do subsídio federal para a contratação do seguro rural, que chegou a R$ 800 milhões em 2020, um crescimento de 100% em relação ao ano anterior. Para os próximos anos, Joaquim Neto acredita que o seguro rural continuará a se expandir, contando também com o apoio de subsídios à aquisição proporcionados pelos Estados do Paraná e de São Paulo.

Que fatores vêm influenciando o crescimento do seguro rural?

Alguns fatores foram responsáveis pela ampliação do seguro rural/agrícola. O aumento do subsídio federal para a contratação, que chegou a R$ 880 milhões em 2020, com mais de 100% de crescimento frente ao ano anterior. Um maior investimento em tecnologia por parte dos agricultores buscando maiores produtividades, o aumento da cotação do dólar refletindo diretamente no valor das commodities e a perspectiva de boas colheitas. Tudo isso aumentou a percepção dos riscos e a necessidade da proteção das lavouras. E principalmente uma maior oferta de produtos e coberturas pelas seguradoras.

De que forma a pandemia do novo coronavírus influenciou os negócios com o seguro rural neste ano?

No primeiro semestre, a pandemia fechou feiras livres, hotéis e restaurantes, impactando diretamente os agricultores de frutas e hortaliças. Apesar disso, a agricultura tem sido o setor menos afetado, inclusive apresentando crescimento durante a pandemia. Tudo indica que o setor será novamente um dos responsáveis por evitar uma maior retração da economia nacional. Mas os momentos que estamos vivenciando aumentam a percepção de risco, que, somado ao bom desempenho da safra que os agricultores tiveram, tanto na soja, produzida na safra de verão, como na do milho segunda safra, produzida no inverno, influenciaram os negócios do seguro rural.

Tem ocorrido uma diversificação de coberturas dentro deste segmento, com a contratação de produtos para coberturas específicas nas propriedades rurais. De que forma essa diversificação vem influenciando os negócios com o seguro rural?

Sim, o mercado tem oferecido novos produtos e coberturas, inclusive de ferramentas tecnológicas, como a utilização de satélites para auxiliar no gerenciamento de risco de suas carteiras, proporcionando maior entendimento sobre o setor do agronegócio, nos riscos a serem garantidos, ofertando maiores produtividades garantidas para as regiões mais produtoras e atendendo melhor os agricultores mais tecnificados, com maiores produtividades.

Há ainda uma grande concentração da contratação do seguro rural no Centro-Sul. O que está sendo feito para estimular a contratação em outras regiões?

Temos de lembrar que a maior produção agrícola também ocorre nessa região Centro-Sul. Apesar disso, os Estados das regiões Sul e Sudeste consomem mais o seguro agrícola do que os Estados da região Centro-Oeste. E para angariarmos mais seguros nessa região, bem como nos estados do Matopiba, respectivamente Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, das regiões Norte e Nordeste, as seguradoras têm se esmerado em analisar com mais interesse essas regiões. Somamos ainda que o governo federal disponibiliza um recurso especial de subvenção para os agricultores dessas regiões Norte e Nordeste.

Há dados indicando que apenas 10% da área agrícola tem a cobertura de seguros. O que é necessário para ampliar a penetração desse produto?

Muito tem sido feito pelas seguradoras, corretoras de seguro e pelos programas de subvenções governamentais, pois, além do programa federal, os Estados de Paraná e São Paulo também subsidiam a aquisição de seguro para os agricultores. E por conta disso acreditamos que nos próximos anos atingiremos percentuais maiores de penetração do seguro agrícola. O mais importante é sem dúvida nenhuma o volume de recurso disponibilizado para as subvenções, com previsibilidade de liberação dos recursos nos momentos adequados, e isso tem sido feito com esmero pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento neste ano de 2020.