Marcelo Farinha, presidente da FenaCap.
FenaCap: setor de capitalização deve crescer 2,4% em 2020
Presidente da FenaCap fala sobre o momento do segmento de capitalizaçãoO segmento de capitalização deverá crescer 2,4% neste ano, de acordo com as estimativas do presidente da FenaCap, Marcelo Farinha. O dirigente destacou que houve, no terceiro trimestre, um crescimento de dois dígitos da arrecadação em relação ao trimestre anterior, consolidando-se, assim, as expectativas do setor de uma trajetória de crescimento sustentável. Para Farinha, esse comportamento do mercado demonstra a resiliência do setor e a importância socioeconômica do título de capitalização, especialmente na formação de reservas e na disciplina financeira.
O segmento de capitalização registrou, neste ano, um crescimento de suas reservas, que ultrapassaram a marca de R$ 31 bilhões, apesar da pandemia. Que fatores influenciaram esse resultado?
Em tempos de crise, o consumidor tende a ficar mais cauteloso, adiando planos de consumo e mantendo suas reservas para fazer frente a possíveis emergências. Sob esse prisma, a capitalização é um instrumento para quem deseja guardar dinheiro e ainda concorrer a prêmios, além de oferecer uma série de outras soluções de negócios com sorteios, como o título da modalidade Instrumento de Garantia, que pode ser utilizado para garantir qualquer tipo de contrato; o produto de Incentivo, voltado para pessoas jurídicas interessadas em realizar ações promocionais; e o Filantropia Premiável, que atende aos que querem contribuir para alguma causa social. Em setembro, por exemplo, a arrecadação cresceu 9,4% em relação ao mês anterior. Esse cenário, associado a uma queda consistente no volume de resgates - da ordem de 2,4% nos últimos 9 meses –, propiciou, por sua vez, uma evolução positiva das reservas técnicas, constituídas pelos recursos acumulados dos clientes com títulos de capitalização ativos, que cresceram 5,1% em relação a igual período de 2019, alcançando R$ 32 bilhões em setembro.
Como têm sido os resultados na modalidade Filantropia Premiável? Como a pandemia do novo coronavírus influenciou os negócios neste segmento?
Ainda estamos vivendo um momento de pandemia e as pessoas estão mais sensibilizadas e procurando uma forma segura de auxiliar a quem precisa. Nesse sentido, o Filantropia Premiável é a modalidade que permite ao consumidor se engajar em causas sociais. Entre janeiro e setembro, a arrecadação do produto alcançou R$ 1,3 bilhão, o que resultou em repasses de mais de meio bilhão para as filantrópicas. Essa modalidade, que foi reformulada pelo marco regulatório, está sendo comercializada desde abril de 2019 e vem tendo um desempenho crescente: já responde por 7,8% do faturamento acumulado do setor, no período.
Já são mais firmes os sinais de uma retomada na economia. Na sua percepção, já é possível esperar uma retomada das vendas no segmento de Instrumento de Garantia?
Sim. No caso do Instrumento de Garantia, por ser um produto muito versátil, que pode ser utilizado para substituir o fiador nas transações de aluguel de imóveis ou servir como garantia para contratos de qualquer natureza, como empréstimos e serviços, o desempenho tem sido muito favorável. A modalidade, também regulamentada no ano passado, já responde por 11% do faturamento acumulado do setor, considerando o período entre janeiro e setembro.
A FenaCap se deparou, na pandemia, com o desafio de manter os sorteios no período. A Federação optou por realizar sorteios em substituição às extrações da Loteria Federal. Gostaria que o senhor comentasse o que essa iniciativa representou para o segmento.
Essa iniciativa assegurou que não houvesse, por um dia sequer, a interrupção
das premiações a clientes de títulos de capitalização. Durante seis meses, a
FenaCap operacionalizou 41 sorteios substitutos. A conduta reforçou a atuação
consciente e responsável do segmento, quando a sociedade buscava se proteger
dos efeitos adversos da crise. Para se ter uma ideia do que isso representa em
movimentação de recursos, de março a setembro, período em que a FenaCap ficou
responsável pelos sorteios substitutos, o mercado de capitalização distribuiu
mais de meio bilhão de reais em prêmios a clientes de todo o País, o que
equivale ao pagamento de R$ 4 milhões por dia útil do período.
Qual é a expectativa do setor para os resultados neste ano?
No terceiro trimestre, a arrecadação apresentou crescimento percentual de dois dígitos em relação ao trimestre anterior, vindo a consolidar nossas expectativas de uma trajetória de crescimento sustentável, demonstrando a resiliência do setor e a importância socioeconômica do título de capitalização, especialmente na formação de reservas e na disciplina financeira. Nesse cenário, a estimativa é fechar 2020 com um crescimento de 2,4%.
A pandemia
do novo coronavírus está contribuindo para que as pessoas se voltem para a
proteção e a previdência. Quais são as lições que o segmento de capitalização
tira desse período de isolamento social que ainda estamos vivendo?
É natural em uma situação incerteza que o consumidor reveja seus hábitos de
consumo e o conceito do que realmente é essencial. Ainda estamos sob o impacto
da pandemia e em franco processo de adaptação. Para o segmento de
capitalização, a crise, de início, interrompeu uma trajetória de
crescimento. Em um primeiro momento, sofremos impacto sob dois prismas: de um
lado, a crise afetou a oferta, à medida que o distanciamento social impactou
nossa capacidade de distribuição; por outro, retraiu a demanda, em função da
redução do nível de atividade econômica, especialmente no mês de abril. Mas a
capitalização demonstrou resiliência. De maneira ágil e flexível estamos nos
adaptando e retomando a trajetória de crescimento de faturamento, com adoção de
novas tecnologias e ampliação da oferta de serviços e produtos em ambiente
digital, um processo que já estava em curso e que se acelerou em razão da
pandemia.