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Rivaldo Leite
Rivaldo Leite

Presidente do Sindseg SP

2020 foi um ano de aprendizado

Ao término de um ano desafiador, a indústria seguradora deve obter um crescimento de 3%, enquanto a economia brasileira apresenta uma retração de 4%. Para 2021, as expectativas são bem mais positivas
24/12/2020

2020 foi um ano de aprendizado para o setor segurador, na opinião do presidente do Sindseg SP, Rivaldo Leite. Com a pandemia do novo coronavírus se instalando no país em março, o setor segurador foi obrigado a adaptar-se ao novo cenário, com a adoção de medidas como home-office - o que fez com rapidez e eficiência, segundo ele. Ao término de um ano desafiador, a indústria seguradora deve obter um crescimento de 3%, enquanto a economia brasileira apresenta uma retração de 4%. Para 2021, as expectativas são bem mais positivas, embaladas por previsões de crescimento econômico de 3% a 4% e com o setor segurador posicionado para oferecer novos produtos e explorar novos segmentos.

 - Como foi 2020 para o setor segurador?

Foi um ano de aprendizado. Um ano que começou de forma tranquila, com tudo dentro do esperado, até o primeiro trimestre. 2020 se iniciou com uma ocorrência de enchentes um pouco maior que em outros anos, registradas em várias regiões do país, e não somente em São Paulo e Rio de Janeiro. O tema enchente é tratado, hoje, nacionalmente, e não mais regionalmente. A economia vinha dando sinais de recuperação. A Bolsa estava batendo quase em 120 mil pontos. E, de repente, chegou a pandemia em meados de março, assustando todo mundo. Nos primeiros três meses, de maio até junho, ninguém sabia exatamente o que fazer. Foi uma paralisia total. A partir de junho, começou a ocorrer uma recuperação. O comércio começou a voltar. A indústria também começou a voltar lentamente. E na transição do segundo para o terceiro trimestre, vimos a economia voltando um pouco mais. No quarto trimestre, tivemos um cenário bem melhor. O PIB apresentou uma pequena reação, ainda que distante de uma recuperação daquilo que se perdeu no ano. O próprio mercado financeiro retomando bem, com a Bolsa quase chegando novamente aos 120 mil pontos. Com tudo isso, tivemos um grande aprendizado de como nos adaptarmos a situações inesperadas como essas. Temos uma amplitude bem maior na atividade remota, em regime de home office. Algumas empresas já tinham isso. E de repente vimos todo o mercado tendo de se adaptar ao home office, não somente as seguradoras, mas também os corretores. Acabou sendo um ano vitorioso para a indústria do seguro. Em um ano em que se projeta uma retração de 4% para a economia, o setor de seguros deve crescer 3%, de acordo com dados da CNseg. Não é um crescimento maravilhoso, mas em relação ao desempenho da economia, tivemos um ano muito bom.

 - Quais foram os ensinamentos da pandemia para o setor segurador?

 - A pandemia trouxe muitas coisas ruins. Mas, por outro lado, proporcionou coisas novas. O setor segurador teve que se reinventar rapidamente. A própria telemedicina, que era uma questão que estava barrada no país, ganhou o mundo rapidamente com a pandemia. E com resultados muito bons. Mesmo com a pandemia acabando, essa é uma frente em que não deve haver mais volta. Isso é muito positivo. Abre oportunidades para emprego. Além disso, permite que mais pessoas tenham acesso a consultas, à saúde. Outra questão importante é a perspectiva de novos seguros. Muito mais empresas vão se adaptar ao home office e, para isso, é necessário que tenham uma certa governança em relação aos seus dados. A segurança da informação tem de ser maior. É necessário que disponham de seguros para riscos cibernéticos, um segmento que está crescendo bastante. É preciso ter ainda seguro saúde. Cresceu a preocupação com a saúde. Aumentou, também, a procura pelo seguro de vida. As pessoas estão com receio e querem também que suas famílias estejam protegidas. Há procura maior pelo seguro residencial, pois, além de protegerem o seu patrimônio, as pessoas passam a contar com apólices que proporcionam assistência emergencial 24 horas. E quando você fica mais tempo em casa, é maior a probabilidade de um equipamento quebrar, uma máquina de lavar pifar, queimar a resistência do chuveiro ou estourar um cano. As seguradoras estão com excelentes serviços 24 horas também.

 - A indústria seguradora soube se adaptar com rapidez às condições impostas pela pandemia?

 - Não tenho dúvidas disso. Isso ficou comprovado agora. É interessante também que muitas pessoas tinham aquela coisa: “ah, o mercado segurador não é tão digitalizado”. É, sim, provou que é. “Ah, o corretor de seguros precisa ser mais digital”. O corretor de seguros deu um show em tudo isso. Vários deles estavam em seus escritórios, alguns em escritórios dentro das seguradoras, para tocar o seu dia a dia e, de repente, tiveram de buscar o seu computador para trabalhar em casa. E fizeram isso muito bem. Então, acho que o mercado se adaptou bem e muito rapidamente.

 - O que você destacaria em relação à atuação do Sindseg SP neste cenário difícil de pandemia?

 - O Sindseg SP é formado por um grupo muito seleto em sua diretoria executiva. São executivos das maiores seguradoras do país. Esse foi meu primeiro ano como presidente do Sindseg SP. Encontrei o Sindseg SP já rodando muito bem, muito eficiente. O que acho que eu trouxe um pouco diferente é que hoje, pela minha posição no grupo Porto Seguro, sou uma pessoa bem ativa e estou muito em contato com o mercado. Acho que isso trouxe uma boa sintonia. O Sindseg SP discutiu, neste ano, algumas coisas polêmicas. Esse foi um ano polêmico também, com várias discussões. Temos como exemplo a própria MP 382, que em um primeiro formato veio de um jeito e, de repente, sofreu uma alteração. Foram realizadas reuniões em que essas coisas foram bastante debatidas, sempre buscando algo que fosse bom para o mercado de seguros e também para o corretor de seguros. O nosso mercado é altamente dependente do corretor de seguros. A minha intenção é buscar essa sinergia, fazer o meio de campo entre as seguradoras e os corretores. Dependemos deles.  Sem os corretores, o mercado não seria o que é hoje. Foi fundamental essa mediação do Sindseg SP para buscar um alinhamento, em um ano de várias dúvidas.

 - Quais são suas expectativas para 2021?

 - Está todo mundo com expectativas muito boas para 2021. Eu acho que o mundo inteiro vai andar conforme a economia andar. Já estão falando em um crescimento do PIB de 3% a 4% em 2021. Se fizermos uma comparação rápida com 2020, se o PIB decresceu 4% neste ano e nós crescemos 3%, com uma expansão da economia de 3% a 4% em 2021, cresceremos 10% a 12%. As expectativas são muito boas. Acho que haverá uma retomada do emprego. Sairemos deste patamar de desemprego. E deveremos ter segmentos de seguros diferentes. O mercado vem se preparando para novos produtos, novos segmentos, produtos mais populares. Somando essas coisas todas e a vacina chegando e realmente funcionando, deixando o coronavírus no passado, poderá ser um ano para tirarmos o atraso e comemorarmos muito mais.

 - Quais são os planos do Sindseg SP para 2021?

 - O Sindseg SP manterá sua atuação como mediador junto a seguradores, corretores, órgãos públicos, Procons, Detrans. Uma questão em que a gente vem trabalhando de forma muito intensa é como difundir cada vez mais a instituição seguros. Como falar mais de seguros, de dados, da importância dos seguros. Mostrar que o seguro não é caro. As pessoas ainda têm essa visão. O seguro é muito barato pela garantia que ele proporciona. A meta é popularizar cada vez mais o seguro.

 - Com a pandemia, houve a mudança de visão em relação ao seguro?

 - Acho que sim e os números apontam isso. A gente vê muito mais empresas buscando seguros de saúde. Temos mais profissionais autônomos buscando seguros de vida, previdência, seguros de incapacidade temporária. Não tenho dúvidas de que a pandemia provocou essa preocupação. Eu gostaria de reforçar a grande importância dos seguros para a sociedade. E também a importância do corretor de seguros como agente transformador dessa indústria. A indústria seguradora está muito bem, em sintonia com os órgãos reguladores e com os corretores de seguros, e que 2021 será um ano muito melhor.