Na pandemia, negócios da saúde atraem fundos
A rede de hospitais de transição Placi recebeu R$ 30 milhões do fundo de capital sustentável Blue Like an Orange, com foco em sua expansão nos próximos anos. O aporte reafirma o interesse de investidores e fundos em empresas que tiveram seus negócios impulsionados em meio a pandemia, conta o Valor Econômico. Os chamados hospitais de transição atendem pacientes que precisam de cuidados médicos, mas dispensam tratamentos intensivos. As unidades vêm recebendo pacientes de covid-19, permitindo sua consolidação no Brasil.
Em
junho, o Blue Like an Orange concluiu a captação de mais de US$ 200 milhões
para o seu primeiro fundo para a América Latina. Os investidores incluem AXA,
HSBC, CNP Assurances, BNP Paribas Cardif, SG Insurance, MACSF, e family
offices. 'Com os R$ 30 milhões mais recursos de geração de caixa e parceiros
imobiliários, poderemos fazer investimentos totais de R$ 140 milhões para
concluir a expansão. Mapeamos ter 900 leitos ao fim de cinco anos', disse
o diretor-presidente do Placi, Carlos Alberto Chiesa. O Placi tem uma unidade
no Rio, que será duplicada, e outra em Niterói. E vai investir em dois
hospitais no Distrito Federal.
A
rede recebeu os investimentos diretamente, mas faz parte de um fundo de private
equity (FIP), desde 2013, da gestora FinHealth, com foco em saúde. O FIP é o
BBI Financial, que tem entre os investidores a Funcef, fundo de pensão da
Caixa, que tem 17% do fundo. Segundo a fundação, o ganho projetado é de 27% ao
ano, entre 2012 e 2019. Para 2020, são esperados ganhos ainda maiores, por
causa do bom desempenho das investidas no combate ao coronavírus.
“O
fundo já vinha bem e com a pandemia se destacou”, disse a diretora de
participações societárias e imobiliárias da Funcef, Andréa Morata Videira. Além
do Placi, entre as investidas, também está a Mendelics, especializada em testes
genômicos. Ela desenvolveu, junto com o Hospital Sírio-Libanês, um exame de
saliva que identifica o novo coronavírus em sua fase aguda em uma hora, por R$
95 em média.
Outra
é a Timpel, que produz um tomógrafo que custa dez vezes menos que o
convencional e está sendo usado no tratamento de pacientes com covid-19 no
mercado internacional.
A
diretora da Funcef lembra que há um movimento grande de investidores voltado
para as healthtechs em meio a necessidade de uma solução mais rápida para a
pandemia. Recentemente, o Softbank anunciou um aporte na iClinic, healthtech
especializada em desenvolvimento de tecnologia para médicos, clínicas e
consultórios. O valor não foi divulgado. Enquanto isso, outras empresas buscam
alternativas e investidores.
A
Caren, criada em 2018 para oferecer serviços de telemedicina no Brasil, lançou
uma plataforma de autoavaliação gratuita de coronavírus. Em maio,fechou uma
parceria com a Unicamp para desenvolver um sistema de triagem on-line para o
Hospital de Clínicas de Campinas. “Temos conversas abertas. Já fomos procurados
por fundos de investimentos”, disse o presidente da empresa, Thiago Bonfim.
A
Unike Technologies, especializada no uso de biometria, fez uma parceria, de
forma voluntária, com grupos de pesquisa científica das Universidades de
Cambridge e Carnegie Mellon para uma pesquisa que auxilia no monitoramento e
combate à covid-19. O objetivo é identificar infectados pelo vírus por meio da
voz, além de monitoramento de sinais vitais por vídeo. “Esse projeto traz
acesso a novas tecnologias e isso ajuda. Colhemos benefícios de participar de
grupos de discussão lá fora. Há investidores tentando internacionalizar a
Unike”, afirmou o presidente, André Barretto.