Setor de saúde é um dos mais visados e ataques sobem 715%
Área vira alvo por precisar de urgência na liberação dos dados
Valor Econômico - 26 de Agosto de 2021O volume de tentativas de ataques cibernéticos do tipo “ransomware” detectados e bloqueados no mundo saltou 715% entre junho de 2020 e o mesmo mês de 2019, segundo a consultoria americana Frost & Sullivan. Um dos setores mais visados pelos cibercriminosos é o de saúde. Isso se dá por uma combinação de fatores: há informações confidenciais sobre a saúde do paciente, as empresas trabalham na urgência e dados são essenciais para procedimentos médicos, e também porque a área vem movimentando valores bilionários.
No Brasil, o Hospital das Clínicas de São Paulo, os
hospitais Sírio-Libanês, do Amor (ex-Hospital do Câncer), a Santa Casa de
Barretos e o Laboratório Gross também já foram vítimas de hackers nos últimos
anos. O caso mais recente ocorreu em junho com o Fleury, que teve perdas de R$
14 milhões com queda de receita e despesas com consultorias para retomar suas
operações interrompidas por quatro dias. O montante impactou negativamente em
8,5% o lucro da companhia, que não teve seus dados invadidos.
Levantamento com 156 empresas de saúde no mundo pela Veeam,
empresa americana de software de backup, mostra que 80% delas não estão
preparadas para restabelecer seu sistema em um prazo considerado adequado para
que não ocorra impactos financeiros. “As empresas vão sofrer um ciberataque, é
só uma questão de quando. É muito difícil evitar porque são várias pessoas no
mundo tentando invadir e por mais que a equipe de TI seja grande nunca é o
suficiente para fazer frente a eles. Por isso, é essencial ter sistemas que
protejam os dados e restabeleçam a operação rapidamente”, disse Elder Jascolka,
diretor geral da Veeam Brasil.
Segundo ele, a dificuldade de retomar a operação deve-se ao
fato de muitas empresas trabalharem com sistemas de backups antigos, sem
integração. Segundo estudo da consultoria americana Frost & Sullivan, os
investimentos na área de tecnologia em empresas de prestação de serviços de
saúde (hospitais, laboratórios, operadoras de planos de saúde e clínicas)
crescem em média 15% por ano. Para efeitos de comparação, nas indústrias
farmacêutica e de dispositivos médicos, esse percentual varia de 4% a 5% por
ano.