Prejuízo com roubo de carga no Brasil atingiu R$ 1,2 bilhão em 2022
O aumento do roubo de carga tem impacto direto nos custos
logísticos e nos preços ao consumidor. Em 2022, segundo o último dado
disponível, o prejuízo com roubo de carga no Brasil atingiu R$ 1,2 bilhão,
segundo o Fórum dos Gerenciadores de Risco, aponta o diretor de Negócios a ICTS
Security, Saulo Chaves.
Estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra que o
Produto Interno Bruto (PIB) do País poderia crescer 0,6 ponto porcentual a mais
se o nível de criminalidade recuasse para o da média mundial, conforme mostrou
reportagem do Estadão. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
revelam que as companhias do País gastam, por ano, cerca de R$ 171 bilhões com
segurança, o equivalente a 1,7% do PIB de 2022.
Para as empresas, o aumento da criminalidade se traduz em
maior custo de produção e maiores gastos com seguros de fretes. “Toda vez que
há roubo de carga, o custo logístico aumenta por causa do seguro e isso
repercute no preço final do produto, seja na exportação, seja na importação, e
impacta o Custo Brasil”, diz Casemiro Tércio Carvalho, ex-presidente da
Autoridade Portuária e sócio da consultoria 4Infra, especializada no setor
portuário.
Em relação à demanda por seguro de transporte rodoviário,
que poderia ser um termômetro, por exemplo, do aumento do roubo de carga na
Baixada Santista, Marcos Siqueira, vice-presidente da Comissão de Seguro de
Transporte da Federação Nacional de Seguros Gerais, ressalta que não se trata
de um bom indicador no momento. Entre as razões, ele aponta que, no último ano,
houve redução do volume de cargas transportadas e queda no preço do seguro
devido à maior concorrência entre as seguradoras.
Andre Neiva, presidente do Sindicato das Empresas de
Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (Sindisan), observa que faz
parte da rotina das seguradoras exigir rastreamento por satélite e escolta
armada para certos tipos de cargas, especialmente fertilizantes, cigarros e
pneus, por exemplo.
Nos últimos tempos, ele diz que não houve reforço neste
sentido. “Determinadas mercadorias você não carrega se não seguir o plano de
gerenciamento de risco.” No entanto, Neiva frisa que, entre as 142 empresas
associadas, não chegaram ao sindicato relatos de roubos de carga no ano
passado. A grande maioria das empresas associadas ao sindicato é ligada à exportação
e importação, não faz transporte de carga fracionada ou para o comércio online.
O presidente do Sindisan se diz surpreso com os dados
oficiais da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP),
que apontam 602 registros de roubo de carga na Baixada Santista entre janeiro e
dezembro de 2023. É um volume 156% maior comparado ao ano anterior. Também é a
maior marca de ocorrências em mais de 20 anos, desde o início da série
histórica, em 2001
Uma hipótese aventada por ele para explicar esse desencontro
de informações seria que esses roubos ocorreram com transportadoras de fora da
Baixada Santista e, portanto, as ocorrências são informadas aos sindicatos de
transportadoras de outras regiões.
Transporte ferroviário
Outro foco de roubo da carga na Baixada ocorre em trens que
fazem o transporte de produtos, geralmente commodities, como açúcar, soja,
entre o planalto e a região. A Associação Nacional dos Transportadores
Ferroviários (ANTF), diz que “desde a sua criação, em 1996, registrou apenas
casos pontuais e intermitentes de roubo de cargas, diferente das recentes
ocorrências na Baixada Santista”.
Por meio de nota, a entidade acrescenta que “as ações dos
criminosos prejudicam as empresas, o fluxo de escoamento de todo tipo de carga
pela ferrovia e a economia do País, e confia que as autoridades responsáveis
pela segurança pública continuarão tomando as medidas necessárias para manter a
integridade das operações”.
Procuradas, as operadoras ferroviárias Rumo e MRS Logística
não se manifestaram, assim como transportadoras, seguradoras e tradings. A
SSP-SP diz, por meio de nota, que está ciente dos indicadores da Baixada
Santista e tem concentrado esforços para combater essa modalidade criminosa.