Zerar emissões exige ao menos US$ 10 trilhões em coberturas de seguro
Setor vai enfrentar 'pressões estruturais sem precedentes' para financiar a transição energética e assegurar todas as indústrias
Folha de S.Paulo - 25 de Junho de 2024A cobertura de seguradoras será crucial para mais da metade dos US$ 19 trilhões de investimentos já comprometidos para financiar a meta de zerar as emissões líquidas de gases poluentes, colocando 'pressões estruturais sem precedentes' sobre o setor, de acordo com um novo relatório.
A corretora de seguros Howden e o BCG (Boston Consulting
Group) concluíram que pelo menos US$ 10 trilhões de novas coberturas serão
necessários para os setores de energia, transporte rodoviário e construção
entre 2023 e 2030, incluindo grandes projetos de infraestrutura como parques
eólicos offshore, fazendas solares, bem como a isolamento de estoques
habitacionais existentes.
A imagem mostra um vasto campo de painéis solares dispostos
em fileiras organizadas. O céu está parcialmente nublado e a paisagem ao fundo
é plana, com vegetação rasteira. Os painéis solares ocupam a maior parte da
imagem, indicando uma grande instalação de energia solar.
Parque solar na cidade de Jaíba, na microrregião da Serra
Geral, no estado de Minas Gerais - Danilo Verpa/Folhapress
Rowan Douglas, diretor executivo da equipe climática da
Howden, disse que o relatório foi concebido como um 'alerta' sobre o
papel vital da cobertura de seguro na transição energética e os desafios que
isso apresenta. As pressões sobre o mercado seriam difundidas e sentidas por
todos os lados, acrescentou.
'Estamos passando por essa transição energética
globalmente, em ritmo e escala, tudo ao mesmo tempo.'
Executivos e formuladores de políticas têm se concentrado
cada vez mais no papel facilitador do seguro na construção da infraestrutura e
tecnologia necessárias para a transição energética. Eles também têm questionado
se há capacidade suficiente na indústria para tomar esses riscos complexos e
abrangentes.
As seguradoras já fornecem coberturas adicionais em diversas
áreas, desde veículos movidos a hidrogênio e elétricos até energia eólica
offshore e materiais de construção híbridos, e planejam expandir para novas
tecnologias.
Mas também há pressão sobre as seguradoras para serem
cautelosas sobre a quantidade de novos riscos que assumem em áreas onde há
falta de dados históricos sobre perdas.
'As novas tecnologias energéticas estão indo além em
termos de inovação, e isso traz incertezas. Por isso há cautela ao tomar
riscos', disse Rowan. 'Se houver uma escassez de capacidade, é
provável que a capacidade flua para áreas mais compreendidas e mais
lucrativas.'
As seguradoras também estão trabalhando em estreita
colaboração com grupos de energia verde para reduzir os riscos de novas
tecnologias e projetos, como ajustar as posições dos painéis solares quando
houver previsão de mau tempo, após episódios recentes de danos graves causados
por granizo.
Os autores do relatório também disseram que não esperam uma
grande queda na quantidade de seguros fornecidos em projetos de combustíveis
fósseis—liberando capacidade para assegurar projetos verdes— até o final da
década.
'Embora se possa esperar um equilíbrio de novos
investimentos versus investimentos tradicionais, isso não acontecerá no curto
prazo', disse Raphael Troitzsch, diretor administrativo da BCG.
A necessidade de fornecer mais cobertura contra desastres
naturais aumentará a pressão sobre o setor, disse o relatório.