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BB Seguridade busca PJ e novos balcões de venda

Atuação fora do canal bancário representa hoje quase 12% da arrecadação de prêmios

Valor Econômico - 25 de Outubro de 2024

A busca de novos balcões de venda de seguros e o crescimento no segmento de pessoas jurídicas têm sido alguns dos pilares da gestão atual da BB Seguridade, segundo André Haui, que ocupa a presidência da companhia desde fevereiro deste ano. “O Banco do Brasil é nosso principal canal e no qual buscamos, obviamente, ampliar a atuação, mas a gente tem um mundo aqui fora”, disse em entrevista ao Valor concedida em 18 de outubro, antes de a companhia entrar em período de silêncio em razão da divulgação do balanço do terceiro trimestre.

Hoje, a BB Seguridade mantém acordos para vendas fora do canal bancário, com cooperativas e empresas de telefonia, por exemplo. Essa via atualmente representa quase 12% da arrecadação de prêmios, mas Haui diz que tem olhado para uma “política consolidada” junto às controladas. “Precisamos atuar de forma consolidada para ter os melhores parceiros estratégicos e financeiramente rentáveis”, diz. “Colocar os produtos em ecossistemas fora do banco é primordial e é o que vai fazer com que a gente democratize o acesso ao seguro no país”, afirma.

Haui também vê o crescimento no segmento pessoa jurídica como um desafio para os próximos anos da companhia. “Sabemos que temos um grande avanço a ser feito, principalmente no atacado. A gente tem um foco muito grande no varejo, somos líderes nesse balcão, mas pretendemos crescer na venda para clientes corporativos, incluindo as micro e pequenas empresas.”

As empresas de menor porte são vistas como um nicho interessante por ele, considerando o relacionamento estabelecido com o Banco do Brasil pela concessão de crédito. “Queremos olhar com o mesmo cuidado que olhamos para o cliente pessoa física e buscar a customização, a personalização dos produtos. Quando entramos numa empresa grande, olhamos para os grandes riscos, nas menores podemos vender também seguro de vida e previdência”, explica.

Haui assumiu o cargo no lugar de Ulisses Assis, que estava há 23 anos no Banco do Brasil, sendo três como presidente da BB Seguridade. Assis deixou a posição no fim do ano passado para ocupar a cadeira de diretor de negócios do varejo do Itaú. Também funcionário de carreira do grupo, Haui tem 24 anos de casa. Antes de ser indicado como presidente da holding, para cumprir o mandato que se encerra em 2025, foi responsável pela operação do banco e da corretora do BB nos Estados Unidos. No currículo, também tem uma passagem no Ministério da Fazenda, onde atuou como assessor no período de 2012 a 2018.

No dia 4 de novembro, serão divulgados os resultados da companhia do terceiro trimestre e o desempenho no segmento de rural será um dos pontos de atenção, segundo analistas. O mercado como um todo tem sofrido com a redução das emissões de prêmios nesse segmento, devido a fatores como a menor velocidade de desembolso da subvenção do seguro rural financiada pelo governo.

Em setembro, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) reduziu a projeção de crescimento para o mercado de seguro rural para 1% neste ano, sendo que, em junho, a expectativa era de um avanço de 7,9%. Em dezembro de 2023, o esperado era um crescimento de 23%. “Percebemos uma desaceleração principalmente no custeio, no seguro agrícola, e acho que isso ocorre muito também pelo delay na liberação do Plano Safra, pelas condições sazonais e climáticas”, avalia Haui. “A gente entende que isso é sazonal e, no nosso caso, estamos com uma performance razoável, mas para o resto do mercado eu acho que é mais difícil.”

Em relatório divulgado na última terça-feira, a equipe de analistas do Itaú BBA disse que o crescimento do prêmio da BB Seguridade nos últimos meses enfrentou a volatilidade no crédito rural, reforçando que as condições climáticas estão atrasando o plantio, o que afeta diretamente a concessão de crédito e a contratação de seguros. A recomendação deles para as ações da companhia é neutra.

Analistas do BTG Pactual, que recomendam a compra dos papéis, também destacam em relatório recente o comportamento do segmento rural, mas afirmam que o impacto do lucro no terceiro trimestre deve ser limitado. “No entanto, se os prêmios emitidos no segmento rural não acelerarem nos próximos meses, o impacto nos ganhos naturalmente ganhará relevância”, afirmam.

A expectativa, dizem, é que o lucro do terceiro trimestre fique em torno de R$ 2,1 bilhões, em linha com o apresentado um ano antes e também dentro do que é previsto pelo mercado. No primeiro semestre, o lucro líquido da BB Seguridade foi de R$ 4,2 bilhões, o que representa um crescimento de 11,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o lucro gerencial ajustado, que não considera os efeitos da norma contábil IFRS 17 e eventos extraordinários ocorridos no semestre, cresceu 3%, para R$ 3,7 bilhões.