Presidente do Sindseg SP
Presidente do Sindseg SP afirma que 2018 exigirá muita criatividade do mercado de seguros
Como os demais segmentos da economia, o setor de seguros sentiu os efeitos da crise econômica e das turbulências na cena política. Para 2018, contudo, as expectativas são melhores. Novas realizações virão com a união de experiências e o exercício da criatividade.Como foi o ano de 2017 para as seguradoras?
2017 foi um ano para o qual a indústria do seguro já tinha, algum tempo antes, pelo menos por volta de 2015, 2016, quando a crise ficou mais aguda, se preparado, obviamente. As estratégias para a travessia de 2017 foram adotadas com antecedência. Os indicadores já eram ruins – e de certa forma continuam sendo. Para fazer frente a isso, a indústria teve que tomar algumas atitudes. Foi um ano em que se privilegiou mais resultado e se abriu mão de market share. Em que se buscou o posicionamento, a conquista, que continuam sendo importantes, mas sem a estratégia agressiva para se conquistar mercado. O resultado foi prioridade para a maior parte das seguradoras. Isso é a tônica do desenvolvimento do mercado. É claro que tem seguradoras que tiveram de se posicionar diante de novos desafios. Temos, por exemplo, casos de seguradoras com marcas novas que tiveram de queimar combustível para conquistar mercado. Todo dia é dia de conquistar novos clientes, mas se fez isso com a devida cautela em relação a resultados. Resumindo, o ano de 2017 para as seguradoras do Estado de São Paulo foi um ano em que se cumpriu as estratégias traçadas em relação ao que seria o período. Foi um ano difícil, com a economia ainda mostrando pequenos passos em seu avanço, tímidos ainda. Vivenciamos uma alta taxa de desemprego, com evasão grande de clientes de carteiras como a de saúde. O mercado havia se preparado para isso, fez o dever de casa e a travessia acabou sendo, não diria tranquila, mas dentro do esperado, ou um pouco melhor.
Como foi a atuação do Sindseg SP em suas várias frentes de atuação em 2017?
Na área institucional, 2017 foi, talvez, um dos melhores, senão o melhor ano nosso, em termos de realizações. O deve do Sindseg SP é tratar dos interesses das associadas, que são as seguradoras e resseguradoras, em todos os seus aspectos. É óbvio que cada uma tem sua estratégia, sua maneira de agir, se precavendo, é claro, de todas as intempéries que possam surgir em suas caminhadas. O Sindseg SP está atento a tudo isso. O que o sindicato fez, em todo esse exercício de 2017, foi buscar demonstrar positivamente o seguro e colaborar com os meios de controle, de governança, das seguradoras. Também buscou ser muito atuante junto ao Estado, fazendo parcerias para ajudar a combater o crime organizando criando mecanismos de informação. Isso foi uma ação em que sempre tomamos como base a Lei do Desmonte, se aproximando dos órgãos de repressão e controle da segurança, como a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Houve um intercâmbio intenso, em que o pessoal do Sindicato manteve atenção em relação às Delegacias de Polícia, à Polícia Militar e à própria Secretaria. Entre as ações, contribuímos para a identificação de regiões onde as demandas do crime eram maiores e apresentamos controles nossos em relação aos eventos de roubo e latrocínio abrangendo veículos segurados. No que tange à prevenção, queremos demonstrar à sociedade nossa contribuição para diminuir os acidentes de trânsito. As coisas têm jeito, o que é preciso é ter disciplina e atitude em relação ao que não deve ser praticado no trânsito. Isso foi materializado por meio de duas campanhas: o Maio Amarelo e a Semana Nacional de Trânsito. Outro fato importante, que se configurou em um estímulo grande em relação ao futuro, foi o Projeto Vida Segura, desenvolvido em parceria com a Secretaria de Educação do Estado. Esse é um projeto fantástico, que pretende atingir, ao longo de uma década, 5 mil escolas, nas quais os alunos de ensino fundamental terão oportunidade de, utilizando um smartphone e baixando um aplicativo, entrar em um processo de gamificação e ter uma ideia do que é ser previdente, cauteloso, poupar o que tem para fins de repor perdas, ter um plano de previdência complementar à Previdência Social. E aí se tem um desdobramento para outros tipos de seguro. É um embrião que está sendo colocado na cabeça dos jovens, cujo resultado certamente não é tangível agora, mas será, sem sombra de dúvida, no futuro. Essa é uma conquista grande, talvez o grande marco da gestão em 2017. Nós temos o hábito de falarmos sem- pre para nós mesmos. E tentamos continuar nessa linha, pois as empresas têm de se inteirar, uma com as outras, sobre conceitos. Fizemos algumas conferências e debates importantes, como “Lições de Mariana”, sobre a gestão do risco de mineradoras, as razões da catástrofe envolvendo o rompimento da barragem em Mariana. Atuamos também na questão dos riscos cibernéticos, trazendo especialistas de empresas como a IBM. Essa interação fez com que pessoas também de fora do setor se interessassem. O Sindseg SP se entusiasmou e, juntamente com outras instituições fez esses eventos. Outro evento importante teve como tema a psicopatia como fator de risco. Colocando tudo isso na mesa, vemos que foi um ano de realizações institucionais muito fortes. Talvez o melhor dos últimos anos. Recomeçamos também neste ano o projeto “Seguro em todo o Estado”, para falar para formadores de opinião sobre como o seguro é importante. É tão importante que não pode ser encarado como um “mal necessário”. É mais do que um bem necessário. O discurso do Sindseg SP é que o seguro tem uma positividade alta. Se não existisse o seguro, seria o caos. O seguro tem de ser visto como uma proteção. Alguém que contrata o seguro é como alguém que parte para uma viagem levando sua caixa de remédios.
Quais são as suas expectativas em relação a 2018?
Para 2018, as nossas expectativas são um pouco melhores. Temos uma noção de que a crise financeira não vai terminar. O desemprego deverá continuar em alta. Será um ano talvez até mais difícil que o de 2017. Será um ano de eleições. O presidente da República conseguiu consolidar sua posição, mas é apenas, em nossa visão, uma questão de legalidade. Deverá continuar pressionado pelas informações, verdadeiras ou não. Com o viés das eleições, vai continuar tentando sair do olho do furacão. Mas, mesmo com tudo isso, com essas dificuldades, a gente acredita que vai ser um pouco melhor em razão dessa coisa toda que move a vida do país: o entusiasmo, as pessoas realmente não desistem. As coisas vão acontecendo e o seguro tem de estar presente. A expectativa é a de que, em 2018, exista até um crescimento pequeno, de 3% a 4% acima do índice inflacionário, em relação a 2017. Os ajustes vão continuar a acontecer nas seguradoras, tudo de acordo com a estratégia de preservar resultados. Há um viés novo, que é a era digital. Todos precisam se adaptar a isso, o que implica custos, mudança de comportamento dos clientes. Será um ano que também exigirá muito a criatividade, a expertise de cada um, as experiências acumuladas. No campo institucional, o Sindseg SP vai entrar com toda a sua pujança, sua expertise, permanecendo atento aos aspectos de governança do Estado, que no nosso caso é focado no Estado de São Paulo, abrangendo as Prefeituras e os diversos órgãos e autarquias do governo de São Paulo. A indústria também deverá ter, institucionalmente, o mesmo comportamento em relação ao cenário federal. Queremos repetir as coisas que deram certo. O processo é manter crescente criatividade em relação a tudo o que pode ser feito, sempre com o viés de demonstrar que além de exercer atividades próprias que a indústria tem, que é cobrir risco, as seguradoras exercem também a cidadania. O Sindseg SP está nesse bojo, exercendo cidadania oferecendo oportunidades para que a sociedade possa desfrutar de boas informações, ser auxiliada e orientada para cumprir.