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Luciano Calheiros
Luciano Calheiros

CEO da Swiss Re Corporate Solutions


Swiss Re Corporate Solutions mantém otimismo e aposta no seguro rural

Apesar de novo corte no valor de subvenção para o agricultor neste ano, o CEO da seguradora, Luciano Calheiros, mantém grande expectativa em relação ao potencial desse nicho
05/10/2018

Como está sendo o ano de 2018, que vem sendo marcado pelo ritmo lento da economia? Qual é a expectativa da empresa em relação ao desempenho desse segmento para 2019?

Enxergamos o mercado de seguro rural brasileiro com otimismo para o próximo ano. Apesar da turbulência econômica, esse é um mercado relativamente recente no Brasil, se comparado com outros países. O valor de subvenção ao agricultor estava orçado em R$ 600 milhões e já sofreu um primeiro corte, caindo para R$ 450 milhões. Se confirmado, será um pouco maior do que 2018, ou seja 21% acima, o que ainda é pouco. Mas temos a expectativa de que o governo aumente esse crédito nos próximos anos. Existe uma sinalização do mercado e até do próprio governo para políticas de incentivo ao seguro agrícola, o que certamente contribuirá para a alavancar o seguro rural no país.

O governo federal continua a disponibilizar para o seguro rural uma verba bem menor do que anuncia. De que forma esse comportamento impacta os negócios com o seguro rural? 

Em 2013/2014, tínhamos boas perspectivas de subvenção, mas nos últimos dois anos tivemos problemas econômicos que fizeram com que esse investimento fosse contingenciado. Em 2018, o valor de subsídio se manteve próximo a 2017, por volta de R$ 370 milhões, já com o corte anunciado na semana passada – o que ainda é um valor muito pequeno para a agricultura brasileira, que possui aproximadamente apenas 15% da área total plantada segurada. Isso comprova que temos muito espaço para crescer em proteção rural.  

Qual tem sido a estratégia adotada pela companhia neste ano para diferenciar-se da concorrência e avançar nesse nicho?

Fizemos um investimento muito importante na distribuição, ao criarmos no ano passado uma joint venture com a Bradesco Seguros para aumentar o acesso de corretores e clientes finais aos nossos produtos. Também temos investido em tecnologia e profissionais especializados para aumentar nossa capacidade de análise de dados climáticos, aumentando as sinergias com nossa matriz, que é uma referência mundial no segmento. Como exemplos concretos, trouxemos para o Brasil nossas soluções de produtos paramétricos que são vinculados a índices climáticos de chuva, sol, vento ou seca, por exemplo. São produtos inovadores tanto para o segmento agrícola quanto para o de geração e distribuição de energia. Esses seguros já estão em comercialização no mercado local e têm servido, em várias situações, para complementar coberturas dos produtos tradicionais. Já temos casos, inclusive, em que a apólice é contratada por uma empresa e a cobertura é oferecida para seus clientes (produtores rurais). Ou seja, é possível que uma solução paramétrica corporativa proteja o produtor na ponta. Nos produtos tradicionais, também estamos ampliando as soluções como, por exemplo, o seguro de máquinas, equipamentos e benfeitorias para aviários. O seguro de grãos passou a aceitar a cobertura de milho consorciado com braquiária. É importante também destacar que estamos oferecendo cobertura para frutas de forma mais abrangente a partir deste ano. Na área da tecnologia, desenvolvemos um aplicativo de inspeção de campo, utilizado nos monitoramentos prévios das lavouras. O aplicativo foi desenvolvido internamente e hoje 70% das vistorias já utilizam a plataforma eletrônica em detrimento ao papel. Neste ano, também investimos no desenvolvimento de uma plataforma que facilita a contratação do seguro agrícola e patrimonial. A expectativa para os próximos anos é de que essa plataforma atenda também outras linhas de negócio como Responsabilidade Civil, D&O, Aeronáutico e Transportes.