
Vice-presidente de
Marketing e Digital da Prudential do Brasil
Os desafios para uma maior distribuição dos seguros
Mesmo em um segmento sob grandes transformações, permanece como grande desafio do mercado segurador a difusão de uma cultura do seguro de vidaEm um
mercado em que ocorrem transformações em várias de suas frentes, como a própria
relação com o cliente, quais são os desafios colocados para a indústria
seguradora para uma maior distribuição de seus produtos no Brasil?
O primeiro grande desafio do mercado segurador ainda é a difusão de uma cultura do seguro de vida como item fundamental em um bom planejamento financeiro individual ou familiar. Muitas pessoas ainda pensam que o seguro só serve para a situação de morte e ignoram que esse produto pode salvar a sua vida em ocorrências inesperadas, como doenças graves ou acidentes de qualquer natureza. A falta de conhecimentos sobre características e preços de produtos de seguros também é um desafio. Tem muita gente que acha que tem um seguro (empresarial ou do próprio cartão de credito, por exemplo), cuja cobertura é insuficiente ou inadequada. Mal comparando, ninguém que compra um carro novo sai da concessionária sem um seguro auto. Os pais não deveriam sair da maternidade sem um bom seguro de vida para seus recém-nascidos. Os desafios são muitos.
A sra. observa, entre as disrupções e novas tecnologias e processos que vêm sendo incorporados pelo setor, formas de ampliar a penetração dos seguros no país?
Com certeza. Estamos passando por quarta revolução
que tem como principal característica a convergência de dados. Para tomar
decisões de marketing, hoje podemos contar com um grande conjunto de informações.
Podemos prever, por exemplo, a pré-disposição física para doenças e ser mais
assertivos em relação a subscrição de riscos e precificação. Com as ferramentas
digitais, podemos estar mais próximos também dos corretores, dando mais apoio a
eles em todas as fases da prospecção ao pós-venda. São imensas as
possibilidades.
Comparativamente
com outros países, como está essa questão da assimilação dos seguros pela
população e pela economia brasileira?
Comparado a outros países, o
Brasil ainda é um mercado considerado pouco amadurecido, porém com grande
potencial para expansão. Os EUA são atualmente o maior mercado de vida do
mundo. Eles geram US$ 559 bilhões em prêmios anuais. O Japão, segundo maior
mercado segurador do planeta, emite US$ 354 bilhões em prêmios por ano. No
Brasil, esse número foi de US$ 41 bilhões em 2017. No entanto, se a gente olhar
o percentual de expansão no mesmo período, vamos ver que o mercado brasileiro
gerou ano passado 15,7% a mais de prêmios do que em 2016, um período
considerado de crise financeira por aqui. Já nos EUA essa expansão
foi de 0,7%. No Japão, houve até um decrescimo de 6,2% nas emissões de prêmios.
Esses números demonstram que aqui nós temos muito mais terreno para explorar do
que nesses países desenvolvidos. Outra diferença do Brasil para
esses países é que a nossa pirâmide etária está mudando agora, com o aumento da
longevidade da população. Esse fenômeno, para eles, já vem acontecendo há mais
tempo. Segundo o IBGE, em 2050, teremos 29%
da população acima dos 60 anos. Hoje, esse percentual está em torno de
12%. E para o nosso mercado, a mudança demográfica também é uma vantagem,
porque as pessoas que sabem que vão viver mais do que seus pais e avós,
entendem que precisam mais do seguro de vida também.
Qual é,
na sua opinião, o potencial do país para a distribuição de produtos do seguro e
qual é o caminho para que esse potencial seja aproveitado?
Na minha opinião, o potencial é imenso. Temos uma
demografia favorável, com a população ficando cada vez mais velha. Temos um
mercado segurador que cresce em números de dois dígitos ao ano, mesmo em tempos
de crise. Vivemos em uma época de transformação tecnológica, repleta de
inovação, que aumenta muito as possibilidades de distribuição do seguro. É
preciso reforçar a comunicação com muita transparência sobre as especificidades
das coberturas. Afinal, o que é bom para uma pessoa, não necessariamente é bom
para outra. Por isso, a venda consultiva e o apoio de um corretor especialista
é crucial. E para que esse potencial todo seja melhor aproveitado, um caminho é
o de ampliar o leque de produtos para os consumidores, como o Universal Life,
que está em análise na SUSEP. O UL é um seguro universal de
vida cujo pagamentos de prêmio acima do custo atual do seguro é creditado,
com juros mensal, ao valor de acumulação da apólice. Outro produto que está à
espera de regulamentação é o VGBL Saúde, pensado para assegurar o capital
necessário para pagar o plano de saúde na terceira idade, fase da vida em que
produzimos menos e os custos com medicina aumentam. Nos Estados Unidos, a
Prudential é líder no segmento de Annuities, que não existe ainda no Brasil. O Annuities é um contrato no qual o cliente aporta uma quantia fixa ou uma série
de pagamentos e, em contrapartida, a pessoa estipula a partir de quando quer
começar a receber uma renda.