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Antonio Trindade
Antonio Trindade

Presidente da FenSeg

Um ano desafiador e revigorante para os seguros gerais

O segmento cresceu 5,3% no acumulado até setembro, superando a projeção para o PIB. Para a FenSeg, o país está diante de grandes transformações que embalam as perspectivas de crescimento sustentado
22/01/2020

O presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Antônio Trindade, se anima com o cenário promissor que a combinação de reformas estruturais, novos investimentos, projetos de infraestrutura e concessões projetam para o segmento de seguros gerais em um horizonte de cinco anos. Ele lembra, contudo, que permanecerão na agenda da FenSeg em 2020 alguns desafios enfrentados pela entidade em 2019, como o combate à distribuição irregular de seguros por associações, cooperativas e entidades sem autorização para atuar no segmento. Apesar disso, ele destaca entre as realizações da FenSeg avanços importantes nos modelos regulatórios e o incentivo à distribuição de produtos pelo mercado segurador. Na entrevista a seguir, Trindade comenta os resultados de 2019 e suas expectativas em relação a 2020:

NOTÍCIAS SINDSEG SP - Como foi 2019 para o segmento?
ANTONIO TRINDADE - Foi um ano desafiador e revigorante para os seguros gerais. Nossa expectativa é de um período de crescimento sustentado nos próximos anos. O segmento de seguros gerais, formado por 13 grupos e 90 ramos, tem muito a ganhar com a recuperação econômica que se avizinha. Estamos diante de grandes transformações no país. As reformas estruturais, aliadas a novos investimentos, projetos de infraestrutura e concessões, trazem um quadro animador para os seguros gerais. As carteiras de automóvel e transportes, por exemplo, devem se beneficiar amplamente deste novo quadro, assim como os riscos de engenharia e o seguro garantia. A perspectiva de aceleração da atividade econômica contribui para alavancar o mercado como um todo. As estatísticas divulgadas pela SUSEP, até setembro, registram um crescimento dos seguros de danos de 5,3%, sem considerar o seguro DPVAT. Esse patamar é muito superior à projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que deve ficar abaixo de 1% em 2019.

NS - Quais foram os principais desafios enfrentados pelo setor neste ano?
ANTONIO TRINDADE - Um dos desafios continua sendo o combate à distribuição irregular de seguros por associações, cooperativas e entidades sem autorização para atuar no segmento. Também é preciso reforçar a importância do seguro garantia, para apoiar obras voltadas ao desenvolvimento do país e dar bom destino ao dinheiro dos impostos. O tema requer mais atenção. Na Câmara dos Deputados, tramita o Projeto de Lei 6.814/2017 (apensado ao PL 1.292/1995), que prevê alterações na Lei de Licitações, com a adoção de seguro garantia obrigatório para obras acima de R$ 100 milhões e ampliação da garantia para até 30% do valor do empreendimento. A legislação atual já permite, mas não obriga, a contratação de seguros, que podem variar de 5% a 10% do valor da obra. Hoje, a maioria dos seguros é de 5%. No entanto, sucessivas alterações no texto ameaçam desfigurar o projeto. O mercado de seguros e resseguros propõe um modelo de garantia que, em caso de rescisão do contrato por inadimplência do contratado original, permite a retomada e conclusão da obra por intermédio de nova empresa contratada pela seguradora. No viés da modernização dos seguros, estamos estimulando o desenvolvimento de produtos mais simples e acessíveis ao consumidor, com a utilização da tecnologia atualmente disponível para apoio aos clientes.

NS - Que cenário e quais desafios a Federação prevê para o segmento em 2020?
ANTONIO TRINDADE - Além do crescimento do seguro auto, há um cenário promissor para o seguro de riscos cibernéticos e o de responsabilidades, principalmente o D&O, que protege executivos e gestores de empresas. As carteiras de seguro residencial e condomínio também estarão em evidência, assim como o seguro rural e os ligados à infraestrutura. A FenSeg deverá priorizar ainda uma agenda com foco nos seguros de grandes riscos, cada vez mais em evidência no Brasil. Os principais desafios estão ligados à retomada do desenvolvimento econômico e ao seu impacto nas seguintes áreas: investimentos em infraestrutura; agronegócio, recuperação do emprego e aumento da oferta de crédito e das vendas de bens, inclusive veículos. A Federação também vai renovar seus esforços no combate à venda irregular de seguros, pelo forte impacto que essa atividade pode causar aos consumidores.