home / conversa com executivos / Pandemia do novo coronavírus deverá acelerar transformações na área de capitalização
Marcelo Farinha
Marcelo Farinha

Marcelo Farinha, presidente da FenaCap.

Pandemia do novo coronavírus deverá acelerar transformações na área de capitalização

Presidente da FenaCap, Marcelo Farinha, fala sobre mudanças no setor de capitalização impostas pela pandemia
22/05/2020

O setor de capitalização adaptou-se rapidamente às mudanças impostas pela pandemia do novo coronavírus, de forma a proteger as pessoas e assegurar a continuidade das operações, conforme informa o presidente da FenaCap, Marcelo Farinha. O esforço de adaptação incluiu a assunção pelo segmento da operacionalização de sorteios em substituição às extrações da Loteria Federal, que foi suspensa pela Caixa Econômica Federal. De acordo com o presidente da FenaCap, a pandemia da Covid-19 terá como efeito acelerar as transformações do setor. “Teremos uma rápida convergência para o ambiente digital, com aprimoramento de produtos e processos”, diz ele.

Quais medidas foram tomadas para a adaptação das empresas de capitalização às mudanças impostas pela pandemia do novo coronavírus?

Em linha com as orientações das autoridades de saúde, a primeira medida foi a adoção do distanciamento social, com a instituição do trabalho remoto por parte de todas as empresas associadas à FenaCap. Apesar de inédita e desafiadora, a medida foi adotada em curtíssimo espaço de tempo, a fim de proteger as pessoas e manter todas as operações de capitalização dentro dos padrões de normalidade. Outro desafio foi assumir a operacionalização de sorteios substitutos às extrações da Loteria Federal, o que ocorreu assim que a Caixa Econômica Federal anunciou a suspensão da modalidade, cujos resultados servem de base para premiação dos títulos de capitalização. Em linha com o papel social da capitalização, nosso foco nesse momento em que tantos brasileiros passam por dificuldades foi assegurar a continuidade dos sorteios e da distribuição de prêmios.  

Quais são os impactos que a crise provocada pela Covid-19 causou ao setor até o momento e quais são as expectativas em relação aos negócios neste ano?

Estamos diante de uma situação sem precedentes, em que uma crise global, de origem sanitária e dimensões ainda não conhecidas afeta a vida das pessoas de forma igualmente nunca vista, impactando fortemente a atividade econômica, a renda e o emprego, assim como as relações sociais, trabalhistas e institucionais. Até fevereiro, no período pré-pandemia, o mercado registrou crescimento de 3,5%, com uma arrecadação de R$ 3,7 bilhões. O cenário aponta para uma queda no faturamento, mas as empresas vêm desenvolvendo todos os esforços para atravessar esse momento, acelerando projetos de transformação digital e adaptando seus modelos de negócios para atender adequadamente às necessidades dos consumidores. Ressalvado o caráter inédito dessa crise, a capitalização tem um histórico de respostas positivas frente a momentos de adversidade. Vale lembrar que a nossa indústria nasceu no Brasil em meio a uma grande crise mundial, decorrente do crash da Bolsa de Nova York, em 1929.     

Há práticas adotadas durante a pandemia que poderão ser assimiladas pelo setor?

Com certeza. A história demonstra que as grandes crises, como aquelas vividas no pós-guerra, têm a capacidade de acelerar transformações, funcionando como catalizadoras de mudanças sociais e econômicas. É possível que o sistema de trabalho remoto, por exemplo, uma prática até então embrionária, seja adotado de maneira mais ampla por muitas empresas. Projetos de transformação digital, da mesma forma, tendem a se acelerar, a fim de atender a uma nova lógica, em que o consumidor tende a buscar por soluções cada vez mais digitais, com elevado valor agregado. 

Quais são as lições que essa crise proporcionou ao segmento de capitalização?

São vários os legados, mas com certeza sairemos fortalecidos como agentes de transformação social e econômica pela capacidade de dar respostas ágeis frente a novas demandas da sociedade.  

O que se espera, para a área de capitalização, no cenário pós-pandêmico?

A pandemia da Covid-19 vai acelerar as transformações do setor. Teremos uma rápida convergência para o ambiente digital, com aprimoramento de produtos e processos. O mercado de capitalização já vinha passando por transformações no modelo de negócios, com uso intensivo de novas tecnologias. Os produtos de capitalização, pelas características que lhe são inerentes, como o estímulo à formação de reservas, que conferem mais proteção e segurança às famílias, posicionam o setor em linha com o ambiente que se espera encontrar pós-pandemia, quando esses fatores tendem a ganhar ainda mais relevância, assim como as causas coletivas. A esse respeito, é possível estimar que os títulos de capitalização da modalidade Filantropia Premiável terão mais protagonismo, assim como os da modalidade Instrumento de Garantia, que podem auxiliar pessoas e empresas que precisem oferecer garantias de empréstimos, por exemplo. Uma coisa é certa: o consumidor vai rever hábitos de consumo e o conceito do que realmente é essencial. Vamos sair da crise com mais empatia e solidariedade.