Longevidade: o amanhã começa hoje
Por: Dra. Thais Jorge, Diretora da Bradesco Saúde
CQCS - 04 de Junho de 2024Nos últimos anos, temos testemunhado a queda na natalidade e o aumento da expectativa de vida entre os brasileiros. O percentual de idosos no país superou a taxa global, e o envelhecimento da nossa sociedade deve seguir em ritmo cada vez mais acelerado ao longo das próximas décadas.
Os dados do Censo do IBGE divulgados recentemente mostram
que a parcela de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57% no Brasil na
comparação entre 2010 e 2022, e já representa cerca de 11% da população. A
estimativa é de que, no mundo, o total de pessoas dessa faixa etária deva
dobrar no planeta nos próximos anos, passando de 761 milhões em 2021 para 1,6
bilhão em 2050, como aponta o Relatório Social Mundial 2023 da ONU.
A longevidade é um tema que intriga a humanidade. Por isso,
cientistas e acadêmicos vêm estudando os fatores de prolongamento da vida,
buscando entender até quando podemos chegar. Um desses estudos, publicado na
Nature Communications em 2021 por um grupo de pesquisadores, sustenta que a
expectativa máxima de vida é 120 a 150 anos. Consideram que, ao longo da vida,
o corpo humano sofre um processo de declínio natural, levando cada vez mais
tempo para se recuperar, até esse limite temporal.
Outro ensaio, assinado por cientistas da Universidade da
Geórgia e da Universidade do Sul da Flórida na revista PLOS One, afirma que que
a duração máxima da vida humana não é fixa e que ainda não chegamos ao limite
máximo da longevidade. Até hoje, o recorde de longevidade é da francesa Jeanne
Calment, que viveu 122 anos e finou em 1997.
As pessoas anseiam por vidas longevas e saudáveis. Alcançar
o centenário deixa, cada vez mais, de ser uma raridade e torna-se uma
possibilidade. E os avanços na medicina, bem como melhores condições de vida e
uma compreensão mais profunda das medidas de cuidado essenciais, desempenham um
papel fundamental nesse notável aumento da expectativa de vida.
Envelhecer é mesmo um processo natural. Mas poder percorrer
essa jornada com qualidade, celebrando cada aniversário com saúde, depende das
escolhas de cada indivíduo durante todas as fases. Promover mudanças no estilo
de vida e construir bons hábitos pode auxiliar na conquista da longevidade
saudável. E isso demanda uma reavaliação de como planejamos nossa vida,
carreira e aposentadoria. E, também, de como sustentamos as nossas escolhas ao
longo da nossa caminhada.
O processo de busca por uma vida de qualidade é contínuo e
não tem hora para começar, como mostra o estudo realizado pela Carle Illinois
College of Medicine, nos Estados Unidos.
O levantamento, publicado este ano, apresenta os ganhos na expectativa
de vida associados a escolhas individuais, mesmo que a adoção desses hábitos
seja uma pequena mudança aos 40, 50 ou 60 anos. Após analisar mais de 700 mil
pacientes dos Estados Unidos, entre 2011 e 2019, os pesquisadores identificaram
oito hábitos que podem aumentar significativamente a expectativa de vida. Dentre eles, manter uma alimentação saudável;
praticar atividades físicas regularmente; evitar o excesso no consumo de
álcool; e aprender a lidar com o estresse.
Diante do aumento da expectativa de vida, torna-se
primordial envelhecer com saúde. A longevidade nos convida a repensar nossos
valores individuais e como população, cuidando melhor das pessoas, do meio
ambiente e promovendo uma sociedade mais atenta ao cuidado, para que dessa
forma possamos desfrutar uma vida plena. A questão não é mais se a longevidade
será uma realidade. Mas, sim, como vamos escolher viver esses anos. E essa
decisão começa hoje.