
Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
MODERADAMENTE OTIMISTA
O PDMS (Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros), lançado no começo do ano pela CNSEG (Confederação Nacional das Seguradoras), tem como meta aumentar o faturamento do setor para 10% do PIB (Produto Interno Bruto) até 2030. 03 de Novembro de 2023O PDMS (Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros), lançado no
começo do ano pela CNSEG (Confederação Nacional das Seguradoras), tem como meta
aumentar o faturamento do setor para 10% do PIB (Produto Interno Bruto) até
2030. Mas, mais importante do que isso, na ótica da sociedade e do segurado, a
ideia é aumentar o pagamento das indenizações para o correspondente ao
faturamento atual, ou seja, mais de 6% do PIB.
É uma meta ambiciosa? Não, é uma meta realista. É perfeitamente possível
até 2030 o mercado segurado saltar para uma ordem de grandeza de 10% do PIB. É
difícil? Com certeza a jornada não será fácil, mas, bem trabalhado, o setor
pode alcançar esse número apenas aumentado a penetração dos seguros atuais.
Quer dizer, é possível alcançar a meta sem necessidade de lançar nenhum seguro
novo. Apenas os ramos comercializados atualmente são suficientes para gerar o
aumento da receita e, consequentemente, o aumento do pagamento das
indenizações, já que é este o número que realmente importa para a sociedade
brasileira.
Este ano, o mercado de seguros deve crescer algo próximo a 8 ou 9%. É
mais do que o dobro do crescimento projetado para o país, o que facilita
garantir a aposta otimista dos 10% do PIB no período previsto pelo PDMS. Além
disso, este crescimento tem como base não apenas a reposição dos seguros
perdidos na pandemia, mas também seguros novos, contratados por quem nunca os
contratou ou por quem tem disponibilidade financeira para aumentar sua proteção
patrimonial, adquirindo seguros que até então não o protegiam.
Se pensarmos que menos de 25% da frota de veículos nacional é segurada e
que existe um vasto campo para se lançar seguros diferentes para veículos
diferentes, respeitando suas características e a capacidade de pagar de seus
proprietários, através de desenhos que levem em conta a individualização de
cada risco; se pensarmos que a maioria das residências não tem seguros e que é
possível aumentar muito o número de apólices desenhadas para o segmento; se
lembrarmos que a maioria das empresas não são seguradas e, quando o são, os
seguros são insuficientes, fica fácil entender por que a meta colocada pelo
PDMS não é irrealista.
Mas há mais. O seguro para ao agronegócio está pronto para bombar,
atendendo adequadamente um número muito maior de produtores rurais e isto
significa, de um lado, o aumento do faturamento das seguradoras e, de outro, a
redução do risco da produção, dando mais competitividade à agricultura
nacional.
Então, por que “Otimismo Moderado” no título do artigo? A resposta é
simples e não tem nada de derrotista. Acontece que o ano que vem, que já tinha
previsões menos otimistas do que as para este ano, está com seu horizonte
embaçado pelas recentes declarações do Presidente da República, desautorizando
o seu Ministro da Fazenda, quanto ao tamanho do déficit público para 2024.
Um déficit maior significa mais inflação e menos crescimento, ou seja, um
aumento menor da renda da população. Como mais de 100 milhões de brasileiros
vivem com até um salário-mínimo por mês, é evidente que eles seguirão sem
contratar seguros. Já os 50 milhões que atualmente contratam terão sua renda
espremida pela deterioração econômica e a mesma coisa vai acontecer com os 60
milhões de pessoas que, num cenário positivo, poderiam começar a comprar algum
tipo de proteção, mas que, dentro do quadro previsto, terão que adiar este
momento.