Antonio Penteado Mendonça
Antonio Penteado Mendonça

Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras

RISCO, SEGURO E DESINFORMAÇÃO

O Relatório de Riscos Globais de 2025, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial , mostra que a desinformação é o principal problema a ser enfrentado pelo mundo nos próximos dois anos. 28 de Março de 2025

Relatório de Riscos Globais de 2025, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial , mostra que a desinformação é o principal problema a ser enfrentado pelo mundo nos próximos dois anos. Invariavelmente, quando analisamos os grandes riscos que ameaçam o ser humano, focamos três, a saber, as mudanças climáticas, as pandemias e os riscos cibernéticos. Todavia, como se vê acima, o maior risco, a grande ameaça, é a desinformação, ou o a informação deliberadamente errada para criar caos e confundir, gerando prejuízos de todas as ordens.

Desde a mais remota antiguidade, antes mesmo de descer das árvores e se espalhar pelo mundo, o ser humano, de alguma forma sempre se comunicou com seus semelhantes, notadamente os do mesmo grupo. Por sinais, códigos e finalmente pela linguagem, a comunicação é a ferramenta mais importante para o sucesso dos humanos, como espécie sobre a terra. Sem ela não haveria grupos organizados e muito menos sociedade capazes de garantir qualidade de vida adequada aos seus integrantes.

Ao longo dos milênios a comunicação foi peça fundamental para o sucesso humano, na conquista do espaço físico e nas disputas entre grupos ou nações. A melhor comunicação, a melhor informação, invariavelmente garantiu o sucesso. Dois exemplos fáceis de serem entendidos são a quebra do código secreto japonês pelos americanos e a quebra do código dos submarinos alemães pelos britânicos, na Segunda Guerra Mundial. Sabendo o que o inimigo pretendia fazer e se valendo de formas seguras de comunicação, os aliados levaram vantagem sobre o “eixo”, o que facilitou sua vitória e o fim da guerra.

Nos dias atuais a comunicação mudou de patamar e se transformou numa série imensa de comunicados, comentários, notas e outras pequenas inserções, principalmente através das redes sociais, que, sem serem checadas e invariavelmente contendo dados falsos, são assimiladas por bilhões de indivíduos ao redor do planeta.

A checagem da notícia realizada pela imprensa tradicional deixou de ser relevante, abrindo espaço para as “fake news” que são disseminadas 24 horas por dia. Uma abordagem superficial pode dar a sensação de que isso não é tão grave, mas não é por aí. Esta forma de comunicação é capaz de matar, levar pessoas ao suicídio, a praticarem atos completamente sem sentido, como os do dia 8 de janeiro, em Brasília, ou quebrar empresas, gerando pânico e corridas contra elas.

Mais grave ainda, nações estão usando a desinformação e a mentira contra outras nações e estão criando uma situação de risco de elevação da temperatura política que não era visto desde a “Guerra Fria”. O que isto tem a ver com seguro? Tudo. Como alertado pelo Fórum Econômico Mundial, a desinformação será a maior fonte de perdas econômicas nos próximos dois anos. Os prejuízos causados devem ultrapassar em muito os valores das perdas com as mudanças climáticas, pandemias ou ataques cibernéticos.

Parte relevante das vítimas potenciais destas perdas, principalmente nos países desenvolvidos, têm sofisticados programas de seguros e as apólices serão acionadas para mitigar os prejuízos, aliás, como já acontece hoje, com os seguros de transporte em regiões onde conflitos e pirataria geram perdas expressivas.