Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
A LEI DOS CONTRATOS DE SEGUROS ESTÁ CHEGANDO
A bem da verdade, o contrato de seguro estava bem colocado dentro do Código Civil 01 de Dezembro de 2023Tanto faz querer ou não querer, o Brasil vai ter uma lei para os
contratos de seguros. É bom salientar, a lei que está chegando é a lei que vai
regular o contrato de seguro, a lei do seguro é o Decreto-Lei 73/66, que
regulamenta o Sistema Nacional de Seguros Privados. Como diria o craque, uma
coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O Sistema Nacional de Seguros
Privados está bem montado, tem uma lei boa, que necessita alguns ajustes, mas
estão longe de precisar ser substituída.
A bem da verdade, o contrato de seguro estava bem colocado dentro do
Código Civil e não seria necessária toda uma lei para fazer os acertos que a
atual regulamentação precisaria para ser atualizada. Mas isto é passado. De um
jeito ou de outro o PLC 29/2017 (Projeto de Lei da Câmara) será transformado em
lei, então o que pode variar não é mais ter ou não ter uma lei, mas a qualidade
da lei, o resto é conversa.
Essa história remonta a 2004. Não cabe aqui recapitulá-la, exceto de 2017
para cá, quando o PLC 29/2017, relatado pelo deputado Lucas Vergílio, foi
aprovado na Câmara dos Deputados e subiu para o Senado. Lá ele ficou adormecido
até este ano, quando foi desarquivado pelo Presidente da Casa, Rodrigo Pacheco,
e entrou na ordem do dia para ser votado rapidamente. Como sói acontecer, a
velocidade não foi tão rápida e só agora parece que o Senado vai votar, se tudo
correr bem, de acordo com o voto do Relator, fruto de um grande acordo
envolvendo Executivo, Legislativo e todos os agentes do mercado segurador.
Como as alterações introduzidas pelo Senado no PLC 29/2017 alteram o
texto, o projeto de lei antes de ser aprovado precisa voltar para a Câmara dos
Deputados, que pode aceitar as alterações introduzidas, ou recusá-las, caso em
que a lei a ser aprovada volta a ter a redação original, votada em 2017.
Quer dizer, o espaço máximo a disposição da sociedade brasileira é o
contrato de seguro ser regulado por uma lei boa ou por uma lei não tão boa. O
texto do PLC 29/2017, quando foi votado de acordo com o Relatório do Deputado
Lucas Vergílio, estava de acordo com uma ampla negociação do mercado. Mas de
20217 para cá o mundo mudou, o Brasil mudou, a economia mudou, os riscos
mudaram e diante do cenário atual, o texto original estava desatualizado.
Depois de muita discussão, se chegou a um consenso transformado no texto
a ser votado, e se Deus quiser, aprovado pelo Senado para ser remetido à
Câmara, onde mais uma vez, com sorte, será integralmente preservado, devendo em
seguida virar lei.
O texto do voto do Relator do PLC 29/2017 é bom. Tem quem conteste e
levante dois ou três pontos menores como se fossem cavalos de batalha, capazes
de desfigurar a lei. Não são. É verdade, a lei não é perfeita, mas nenhuma lei
o é. Ao contrário, faz parte da boa técnica legislativa dar espaço para que a
prática aponte as deficiências do texto e na sequência sejam feitas as
correções. É isso que se espera que aconteça.