Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
FUTUROLOGIA COM O PÉ NA PORTA
Recente pesquisa com CEOs de centenas de seguradoras ao redor do mundo dá conta que o setor está pessimista quanto a 2023. 03 de Março de 2023Recente pesquisa com CEOs de centenas de seguradoras ao redor do mundo dá
conta que o setor está pessimista quanto a 2023. A maioria dos executivos acha
que este ano será complicado e que a economia como um todo sofrerá e que os
resultados da atividade também serão afetados pela crise.
Se bem que numa visão de três anos a maioria deles tenha uma posição
otimista em relação à economia como um todo e ao setor em particular, para este
ano eles têm como certo que deve acontecer a demissão de um número
significativo de funcionários de seguradoras ao redor do mundo. Ainda segundo a
maioria deles, é indispensável que o setor invista pesado em informática e
inteligência artificial e reforce as regras de ESG.
A pergunta que fica é se a realidade brasileira é semelhante ao que
acontece nos outros países. E a resposta é sim. A nossa realidade não tem razão
para ser diferente do resto do mundo. Então, 2023 não
deve ser um grande ano para a atividade, o que não significa que deva ser um
ano ruim.
Em 2022, o setor de seguros cresceu bem acima da economia nacional. De
acordo com números publicados, o crescimento bateu nos 21%, o que é um dado
muito positivo dentro da realidade brasileira, principalmente porque mostra a solidez
da atividade e reforça que não há, no momento, nenhuma companhia importante em
dificuldades.
Mais importante do que o crescimento da atividade, todavia, foi o
crescimento da entrega do setor para a sociedade. Em 2022, as indenizações, resgates,
prêmios, pecúlios e outras formas de pagamento atingiram patamares inéditos na
história do seguro brasileiro, reforçando o papel social e o comprometimento de
todos os players com sua missão precípua.
De outro lado, o setor passa por um momento extremamente aquecido, com
ações nos mais variados campos gerando resultados que impactam seu desenho e as
consequências decorrentes de sua implementação. Em poucos anos, o setor de
seguros brasileiro estará mais inserido nas rotinas da nossa sociedade e sua função
de proteção será realçada pelo aumento consistente dos pagamentos de
indenizações de todas as naturezas, fruto das coberturas das apólices
disponibilizadas para a população.
Hoje, o setor é o maior credor dos títulos públicos federais. Por conta
da obrigação legal de aplicar o grosso de suas reservas nesses papéis, grande
parte dos mais de um trilhão e meio de reais em reservas está investido em
títulos do Governo Federal, financiando a dívida nacional e gerando recursos
para investimentos estratégicos, especialmente em projetos de maturação lenta,
notadamente os projetos de infraestrutura.
Assim, ainda que sendo futurologia, é possível dizer com boa margem de
certeza que, salvo a ocorrência de fato completamente inesperado, ainda que
2023 não sendo um grande ano para o setor de seguros, a partir de 2024 a
atividade deve entrar numa espiral ascendente com capacidade para dobrar o
tamanho do setor em, quem sabe, cinco anos.